Meus passos ficam mais pesados quando atravesso a calçada com Rigel de mãos dadas. Tento manter o sorriso para ele, mas por dentro carrego o peso de noites mal dormidas, o eco das palavras de Samuel e a sensação de que algo nos ronda.
E então, eu o vejo.
O capuz preto, o jeito como ele se move, a sombra que parece não pertencer àquele lugar ensolarado. Meu coração dispara, minhas pernas vacilam. Rigel continua tagarelando, sem perceber nada.
Só que eu percebo.
Quando o homem ergue um pouco o rosto, o capuz desliza o suficiente para que a luz revele algo familiar. As linhas do queixo, o olhar frio… e, de repente, a memória me atinge como um soco.