O cheiro de álcool e desinfetante preenche o ar enquanto termino de anotar as últimas observações sobre a paciente. Dona Rosa havia acabado de adormecer depois de quase uma hora contando toda a sua vida para mim, entre pausas para respirar e lágrimas discretas.
De repente, a porta se abre e Ayla aparece, ofegante, segurando uma prancheta.
— Que história é essa que você fez um teste Beta HCG? — pergunta direto, a voz carregada de curiosidade e preocupação.
— Shhh! — faço sinal com o dedo nos lábios, olhando para a cama. — A senhora Rosa acabou de dormir, depois de um monólogo inteiro sobre os filhos ingratos. Vamos sair daqui.
Caminhamos em silêncio pelo corredor, passando por enfermeiros apressados e pacientes conversando baixo. O ar frio da noite nos envolve assim que chegamos ao pequeno jardim do hospital. Sentamos no banco de ferro que range sob nosso peso.
Suspiro, olhando para o chão. — Minha menstruação não desceu… e eu ando enjoada. Tenho quase certeza que estou grávida, Ayla.