O sol já castiga o chão de cimento e o som da minha moto ecoa até silenciar por completo. Desligo o motor e retiro o capacete devagar, tentando deixar lá dentro metade da confusão que estou sentindo.
Ajeito a farda, respiro fundo e caminho pelo pátio até a sala do tenente Almeida. Ele já está ali, caneta na mão, rabiscando algo num papel qualquer, com a testa franzida e aquele copinho de café velho ao lado.
— Tenente — bato na porta aberta.
Ele ergue os olhos, me analisa por um segundo, e balança o queixo, indicando para eu entrar.
— Samuel. Sabia que você não ia deixar essa história quieta. Senta aí. — o tenente diz, apontando com o queixo para a cadeira diante da mesa.
Fecho a porta devagar. Não sento de imediato. Me aproximo da janela, deixo os olhos passearem pelo pátio vazio, tentando organizar os pensamentos que me atormentam desde a noite passada. Só depois viro e me sento, soltando um suspiro que parece sair do fundo do estômago.
— Tem uma pessoa envolvida que ela não quer acr