MIRELA
Minha cabeça doía. Uma dor aguda, latejante, como se tivessem fincado pregos atrás dos meus olhos. A boca seca. A garganta arranhando. Tudo o que eu queria era água, mas... não conseguia me mexer.
Quando forcei os olhos a abrir, o primeiro instinto foi puxar o cobertor, me enrolar, me proteger. Só que não tinha cobertor. Nem cama, nem travesseiro, nem nada familiar. Era um colchão velho, jogado no chão de um quarto úmido e mal iluminado.
Amarrada.
Eu estava amarrada. Pernas, pulsos, tudo preso por tiras improvisadas de lençóis rasgados e sujos. Senti a pele arder onde o tecido pressionava mais forte.
— Onde... onde eu tô? — minha voz saiu rouca, falha, quase um sussurro.
Olhei em volta.
Não era mais o quarto do hotel. Nem de longe. As paredes eram descascadas, mofadas. Cheiro de mofo, urina e cigarro impregnado em tudo. Tinha uma janela pequena e gradeada num canto alto, mas não dava pra ver nada além de escuridão lá fora.
O desespero veio como uma onda, pesado, quente, me suf