O relógio marcava 18h47 quando Clara empurrou a porta do quarto e se jogou brevemente na cama. Os pés latejavam da caminhada arquitetônica do dia, mas o coração… esse estava inquieto por outros motivos.
A noite seguinte seria decisiva. Para Léo, para a Vellamo & Co., e — de algum jeito estranho que ela ainda não entendia completamente — para ela mesma.
Mas aquela noite? Aquela era a véspera. E ninguém nascia grande sem saber causar na véspera.
Do outro lado do corredor, Talita bufava diante do closet embutido, onde uma seleção de vestidos pendia como peças de um tabuleiro de guerra glamouroso.
— Se eu colocar esse azul… o Gianluca vai achar que tô pronta pra trepar na varanda. Se eu colocar esse preto, ele vai achar que tô pronta pra trepar no elevador. — Ela virou o rosto pra Clara, que observava da porta. — A gente tem problema com sutileza?
Clara riu.
— A gente tem dom com impacto. Sutileza é pra quem não tem peito — ela respondeu, entrando no quarto. — Literal e metaforicamente.
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