Luna
O sol filtrava pelas janelas antigas da biblioteca da escola rural, tingindo de dourado os rostos atentos das meninas sentadas em círculo. Algumas tinham doze anos, outras mal completavam dezesseis. Todas compartilhavam o mesmo silêncio respeitoso enquanto Luna falava.
— O mais perigoso em uma história mal contada... é quando a gente acredita nela.
Uma das adolescentes ergueu a mão, hesitante.
— Mas quando ninguém acredita na gente... o que a gente faz?
Luna sorriu com a serenidade de quem já sentiu aquela dor na pele.
— A gente se reconstrói. Em silêncio. E um dia, quando menos esperam, a verdade encontra o próprio caminho. E você está pronta pra ela.
Elas assentiram. Algumas com os olhos marejados. A professora da escola agradeceu, emocionada. Luna recolheu suas coisas devagar, o coração aquecido por perceber que sua dor havia virado ponte — não cicatriz.
Do lado de fora, Gabriela a esperava encostada no carro, com uma prancheta cheia de anotações e o celular apitando notificaç