A foto estava feita.
Um ângulo perfeito: Caio parado diante do portão do campo, olhos fechados, expressão marcada, o cenário ao fundo levemente desfocado, como se o tempo ali tivesse parado. A imagem dizia mais do que mil palavras. Era como se contasse toda a história — da queda à tentativa de renascimento.
O jornalista conferiu o visor da câmera com um sorriso satisfeito. Aquilo era tudo o que precisava. O drama, a redenção, a promessa de um furo. Um retrato de humanidade editado para vender manchetes.
— Eu edito isso e te mando ainda hoje. Vai sair com exclusividade no domingo — disse, entregando o cartão de memória ao assistente. A voz baixa, mas carregada de triunfo.
Na sombra da arquibancada, Marina digitava rápido no celular, os dedos firmes, os olhos fixos na tela.
[Mensagem para o pai de Caio]
“Tudo sob controle. Ele nem percebeu. A matéria já está em produção. Só falta o toque final: a bomba sobre ela.”
Ao enviar, ela respirou fundo. Sabia o peso daquela mensagem. Mas também