O som do motor ecoava pela estrada de paralelepípedos enquanto Caio seguia em direção a Aldina, sozinho. O céu carregado parecia um reflexo do que ele sentia por dentro — uma mistura densa de ansiedade e uma vontade absurda de consertar as coisas.
Ele não tinha dito nada a Luna. Precisava daquele momento a sós com o passado — e talvez, com o próprio futuro.
Em Vinhedo, do outro lado da cidade, Marina fechava a tampa do notebook com um sorriso calculado. O mesmo sorriso que usava nas reuniões quando via uma negociação pender a seu favor. Pegou o celular.
— Ele foi. Está lá agora, sozinho. — A pausa foi breve, mas estratégica. — Você sabe o que fazer.
Do outro lado da linha, o silêncio foi cúmplice.
Horas depois, Luna passava pela sala e percebeu que o celular de Caio ainda estava em cima do sofá. Estranhou. Ele nunca saía sem ele.
Chamou por ele algumas vezes, mas a casa estava vazia. Sentiu o peito apertar, uma pontada aguda no centro do estômago. Pegou o aparelho. Nada de senhas. Des