A produtora do documentário se chamava Júlia. Tinha pouco mais de trinta anos, voz serena e olhos que pareciam enxergar além das palavras. Quando encontrou Luna pela primeira vez, não disse nada — apenas a envolveu num abraço apertado e silencioso. Como quem compreende, mesmo sem precisar de explicação.
O estúdio era simples, quase caseiro. As luzes suaves criavam um ambiente acolhedor, longe do brilho duro da exposição. Um sofá confortável, uma câmera discreta, uma mesa com chá de ervas.
— A gravação vai ser como uma conversa — explicou Júlia, sorrindo com calma. — Sem roteiro, sem pressão. Você fala o que quiser. E cala o que ainda não puder dizer.
Luna assentiu devagar. O coração batia mais rápido, as mãos frias no colo. Mas, dentro de si, algo sussurrava que era o momento certo. Ela não precisava mais gritar para ser ouvida. Bastava falar com verdade.
A câmera foi ligada. O botão vermelho piscava.
— Meu nome é Luna Almeida — ela começou, com a voz ainda firme, apesar da tensão — e