Capítulo 3

Anton Griffin

— Mas que porra é essa? — juro que não acredito no que estou vendo. Meses aguardando um projeto prodígio e me entregam esse lixo.

Minha assistente e meu beta me encaram. Fui o primeiro a abrir a pasta, logo não sabem a porcaria aqui. Jogo os papéis sobre a mesa, levando os olhares de todos ali na direção deles.

— Oliver, quero que investigue sobre a contratação de Serafina Gmork — digo ao meu beta enquanto afrouxo a gravata. Me sinto sufocado com essas coisas. — Isso certamente não é trabalho de um prodígio. Se eu apresentar isso ao cliente, ele vai rir da minha cara.

Oliver pega os papéis e analisa.

— Realmente não está bom. Há falhas visíveis na reutilização da água e no uso de energia. Parece que o foco foi dado só a aparência do resort.

— Está péssimo — enfatizo.

— Talvez ela tenha se assustado por algo tão importante como ser responsável pelo maior projeto do nosso Alfa. Eu vi seus trabalhos na faculdade e não tem nada a ver com isso.

— É só admitir o medo e dar o cargo a alguém que seja competente. Talvez quando amadurecer consiga dar o seu melhor. Não tenho tempo a perder com crianças imaturas. O cliente me pediu para ver algo do projeto, o que digo a ele? — ando de um lado para o outro na minha sala, mexendo na gravata e nos botões. É um tique que tenho quando algo não sai do meu jeito. O lobo em mim fica forçando para tomar o controle.

— Eu cuido disso, chefe. Cuido do cliente e da garota. Se concentre em sua caçada. — Deixo escapar um suspiro. Ainda tem isso.

Era para ser só mais uma caçada em que eu posso ou não encontrar a minha parceira, mas a porra da alcateia de três estrelas decidiram me desafiar. Somos dez alcateias pelo mundo, todos os membros tem nos pulsos o símbolo da sua. Sempre uma lua e estrelas, de uma a dez estrelas. A de uma estrela é a mais poderosa de todas, fica em um continente inteiro só de lobos e seus Alfas são tratados como reis e rainhas.

A minha é de duas estrelas, a segunda mais poderosa. Escolhemos viver entre humanos, em alguns casos até separados por mares. Dá certo assim.

A de três estrelas é formada por muitos que possuem certo poder para criar magia. E não é de hoje que eles tentam usar isso para me destruir e liderar a minha alcateia, ficar mais perto de ser a alcateia um.

— Podem ir. — Dispenso os dois e me jogo na cadeira, afrouxando a gravata incomoda novamente.

Mais uma caçada.

Passo as mãos pelos cabelos, desalinhando os fios, apertando eles entre os dedos.

Já passei por tantas que nem me animo mais com a chance de encontrar minha companheira. Sei que um dia vai chegar, só que cansa ficar na floresta e nenhum elo acontecer.

Sem mais nenhum animo para trabalhar, dispenso meu beta e vou para casa. Ela fica no meio da floresta onde acontece as caçadas, no alto de uma montanha. Toda essa terra é minha, para minha alcateia. Silvargan é a segunda maior cidade dos Estados Unidos. Há muito verde por aqui, muita fauna e flora, e quero manter assim, por isso monopolizo a área de construção. Minha empresa é a maior. E quero que ela seja referência para os humanos. Só assim a natureza para de usada e abusada por eles.

— Ai vem aquela garota me apresentar um projeto tão infantil.

Depois dessa preciso de um vinho.

Jogo o terno e a camisa no sofá e vou até a adega me servir. Os empregados já se foram. Gosto de privacidade, então eles sempre terminam suas tarefas e vão embora.

Sento no sofá com a taça de vinho, me perguntando se dessa vez encontrarei alguém para dividir essa casa comigo, minha cama, minha vida. Noitadas de farra não sustenta meu lobo, ele precisa da sua parceira.

Viro o vinho e encosto a cabeça no sofá, ainda segurando a taça.

Só demora alguns segundos para eu descobrir que algo está muito errado. Tempo o bastante para me arrepender de não proteger a casa com magia.

Apago. A última coisa que ouço é o som da taça caindo no chão.

Narrador

— Olha para ele. O Alfa fodão da segunda alcateia mais poderosa não tem nenhuma proteção. — Ela ri.

Seu companheiro, um pouco assustado, pega a seringa e um frasco no casaco.

— Vamos logo com isso. Eu perdi metade da minha alcateia para fazer esse feitiço. O sangue do meu povo nesse pequeno frasco. — Ele olha o frasco com um liquido límpido criado a partir do sangue daqueles que os dois sacrificaram em nome da ambição.

— Nossa alcateia, querido. E vai valer a pena. Tudo que é dele será nosso. Imagine o quão perto de sermos a alcateia número um isso nos deixa.

Apesar de um pouco medroso, o homem tinha tanta ambição quanto a esposa. Ele não perde tempo e aplica o feitiço em Anton.

— Está feito. — Ele se abaixa e toca o rosto do Alfa rival. — Olha só. Se pudéssemos ver claramente esse rostinho. — Ele ri. — Será que morto poderemos ver.

— Vamos matar logo. O efeito só dura vinte e quatro horas. Se ele acordar...

Ela nem termina de falar. Seus olhos arregalados na direção do Alfa no sofá. O marido a encara confuso.

— Que foi? — ele vira para o sofá. — Porra! — cai sentado no chão, se arrastando para longo do homem de olhos abertos. Antes que eles possam reagir, o Alfa se transforma em lobo e tenta fugir. A mulher é mais esperta e atira uma adaga em suas costas. Só que mesmo ferido o Alfa escapa por entre a floresta.

— Vai, porra! Eu tenho que fazer tudo? — ela grita com o marido, que sai desengonçado pela floresta.

Ele volta minutos depois. Encontra a mulher no sofá com uma taça de vinho não batizado.

— E então? — ela levanta e deixa a taça sobre a mesa de centro. — Terminou o serviço?

Ainda na forma lupina, ele nega com a cabeça.

— Caralho! Precisamos encontrar antes que o efeito passe. Ou estaremos acabados.

Ele corre para floresta, sendo seguido por ela que some com as roupas e evidências que um dia estiveram ali.

A caçada começou.

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