Elena Moreau
O balanço de madeira rangia suavemente sob meu corpo, um som quase hipnótico que se misturava ao cantarolar das cigarras e ao farfalhar das folhas ao vento. Eu me deixava embalar não apenas pelo movimento, mas também pelas memórias que desfilavam diante de mim como um filme — os sonhos que um dia pareceram impossíveis, os medos que quase me consumiram, e tudo o que construímos, tijolo por tijolo de amor, depois que o caos finalmente terminou.
Estava sentada na varanda da casa que agora chamávamos de lar. Uma palavra pequena, mas que tinha um peso imenso. Lar. Não apenas paredes e teto, mas chão onde raízes se firmam, onde a alma repousa e o coração reconhece como porto seguro.
Diante de mim, a cena mais bonita que meus olhos já haviam testemunhado se desenrolava como se fosse uma pintura viva: Leonhart ajoelhado na grama, braços abertos, sorriso largo e verdadeiro, incentivando nosso filho, Theo, a dar seus primeiros passos.
O sol do final da tarde tingia tudo de dourado.