Leonhart Moreau
A chuva caía como se o céu quisesse lavar os pecados da Terra. Paris parecia mais sombria do que nunca. As nuvens pesadas escondiam qualquer traço de sol, e a brisa fria cortava a pele como uma lembrança de tudo que meu pai representava: controle, rigidez, medo.
O funeral foi tão silencioso quanto irônico. Meu pai, François Moreau, que viveu com voz de trovão e punho de ferro, agora era apenas um corpo inerte cercado por olhares indecifráveis. Muitos estavam ali por conveniência, outros por protocolo, poucos por luto. Eu não sabia exatamente o que sentia. Não era tristeza. Talvez fosse alívio.
Clóvis estava ao meu lado, com os olhos fixos no caixão. Havia um conflito evidente em seu semblante. Ele segurava a mão de Diego com força, como se buscasse âncora, enquanto Helena permanecia atrás de mim em silêncio respeitoso.
Minha mãe… bem, ela estava no caixão ao lado do dele. Morta também. Ironia ou justiça divina? Eles viveram juntos em um casamento de aparências, e morre