Amélie Moreau
O verão chegou como um alívio. Era como se o mundo, finalmente, me permitisse respirar depois de meses em que o peso do luto e das lembranças ainda me acompanhavam. O sol entrava pelas frestas da cortina do meu quarto, iluminando o lençol preto que — ironicamente — continuava ali, mesmo depois de tanto tempo. Eu ainda usava preto, mas não por obrigação. Era mais como uma forma de lembrança, uma homenagem silenciosa.
— Vinte dias — murmurei, observando a mala aberta aos meus pés. — Só vinte dias de férias e parece que vou mudar de país.
Aurora apareceu na porta, rindo.
— Se fosse só isso! A fazenda do seu pai é praticamente outro mundo.
— E o seu namorado está indo junto, lembre-se disso. — arqueei a sobrancelha.
Ela riu, se jogando na minha cama. — Não é minha culpa se o destino resolveu juntar Natã e eu.
— Claro que não é — disse, rindo junto. — Mas ainda não acredito que vocês estão namorando há cinco meses.
— Pois é, e vocês... oito meses e nada de beijo? — Ela me olh