LAURA
O chão de pedra do galpão ecoava sob seus pés descalços. Era madrugada em Palermo, e a antiga academia da família Santorini estava vazia, exceto por ela e por Dominick. A cidade dormia, mas dentro daquela estrutura gélida, Laura Bianchi Santorini aprendia como acordar um monstro — o dela.
— De novo — ordenou Dominick, lançando uma faca curta em sua direção.
Laura a agarrou no ar. Os dedos doeram com o impacto, mas ela não recuou.
— Empunhadura errada. Você cortaria a própria mão num movimento de defesa. Recomeça.
Ela girou a lâmina, corrigiu o punho, os ombros, os pés. Ele a atacou com uma adaga falsa. Ela bloqueou. Quase caiu. Mas não caiu.
Dominick parou, suando, e a encarou com olhos verdes impiedosos.
— Está com medo?
— Sim.
— Ótimo. O medo é o que mantém vivos os que não nasceram assassinos.
Laura largou a faca e pegou o bastão de treinamento.
— E o que faz os que nasceram?
— Tornam-se reis.
Ela avançou.
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DOMINICK
Ver Laura lutar era como assistir uma chama ser moldada.