CAPÍTULO 7 – O Mundo em Alerta

BRUXELAS – CENTRO DE INTELIGÊNCIA EUROPEU – 08h30

As telas de segurança estavam cheias de imagens: a explosão parcial do Silo Alfa, a movimentação de tropas sem bandeiras no leste europeu, interceptações de vozes codificadas. No centro da sala de comando, a comissária Lúcia Vernet assistia a tudo com a mandíbula travada.

— Confirmado: Rael Vasquez possui um exército de clones aprimorados geneticamente — disse um analista. — E agora tem acesso a tecnologia bélica da Coreia do Norte e criptografia da Nova África.

— E Leonardo Santorini? — perguntou Lúcia.

— Ele tentou neutralizar o projeto. Mas falhou.

Ela virou-se para os membros do conselho internacional reunidos virtualmente.

— Não estamos lidando mais com um mafioso. Estamos diante do nascimento de um império paramilitar genético. Um império sem leis.

Um dos representantes protestou:

— Mas não temos provas diretas. As fontes são do submundo.

— O submundo está governando o mundo — ela rebateu.

E então concluiu:

— Se Leonardo cair, Rael se tornará intocável.

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GENEBRA – MANSÃO SANTORINI – 11h48

O clima era de luto. Matteo estava internado com hemorragia interna. Alys, sob sedativos. Ravena costurava o próprio rosto com whisky e linha cirúrgica. Mikhail acordava lentamente, com dores na coluna.

Leonardo entrou na sala, calado, com um mapa nas mãos. Espalhou os documentos sobre a mesa.

— Ele está avançando pelo leste. Usando os portos abandonados como base. Reativou o anel negro de Giuliano.

— O que é o anel negro? — perguntou Ravena.

— Uma rede antiga de armazéns, túneis, rotas fantasmas que conectam 12 países. Infiltrada nos próprios governos. Giuliano a criou para escapar da Interpol. Rael está reconstruindo isso… com soldados que não dormem.

— Precisamos de reforço — disse Mikhail, com dificuldade. — Odessa, Beirute, Marselha…

— Não — interrompeu Leonardo. — Precisamos de uma sombra maior que a dele.

Ele pegou um envelope selado com cera dourada. O símbolo? Uma flor de lótus com uma caveira.

— Vamos convocar Os Três Silenciosos.

Ravena congelou.

— Você está louco.

— Eles odeiam Vasquez.

— Eles odeiam todo mundo.

— E é exatamente isso que precisamos agora.

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BERLIM – CASA DOS TRÊS SILENCIOSOS – 19h03

O local parecia um monastério abandonado. Mas atrás das paredes, três figuras mascaradas receberam o convite.

Um homem com cicatrizes nas mãos.

Uma mulher cega com audição perfeita.

E um ancião que nunca falou — apenas matava.

— Leonardo Santorini convoca a Aliança Negra — disse o portador.

O homem com cicatrizes se levantou.

— Quem ele quer morto?

— Rael Vasquez.

A mulher cega cheirou o papel.

— Cheira a sangue novo.

O ancião apenas assentiu.

A guerra silenciosa acabava de ganhar sua lâmina.

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GENEBRA – QUARTO DE ALYS – 21h22

Alys despertou com a sensação de estar sendo observada. Ao virar o rosto, viu alguém à sombra — Stepanov.

— O que você quer?

Ele fechou a porta atrás de si, lentamente.

— Vim saber se ainda está do nosso lado.

— Claro que estou. Você me salvou.

Ele se aproximou.

— Leonardo vai morrer se continuar sozinho. Está se tornando uma bomba que explode para todos os lados. Dominick fazia isso. E afundou.

— O que está sugerindo?

Stepanov tirou um chip do bolso.

— Este é o protocolo final. O último vírus de Giuliano. Se inserido na rede de Rael, pode destruir tudo. Mas também pode matar Leonardo.

Alys o encarou, furiosa.

— Isso é traição.

— Isso é prevenção.

— Eu não entregarei esse chip.

Ele se aproximou do leito, mais ameaçador agora.

— Você não tem escolha.

Mas antes que pudesse tocá-la, Ravena invadiu o quarto com uma arma em punho.

— Diga boa noite, traidor.

Stepanov tentou fugir, mas Leonardo já o esperava do lado de fora.

Dois tiros.

Silêncio.

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CEMITÉRIO DE GENEBRA – 02h10

Leonardo olhava a cova aberta. Stepanov estava sendo enterrado sem nome, sem cerimônia, sem perdão.

Ravena se aproximou, coberta por um sobretudo negro.

— O que fará agora?

— Vamos lançar o vírus.

— Mesmo com o risco de matar inocentes?

— O mundo deixou de ser inocente no dia que permitiu Giuliano nascer.

Ela tocou o ombro dele.

— Está pronto para ser odiado?

— Estou pronto para vencê-lo.

BASE SUBTERRÂNEA – LOCALIZAÇÃO CONFIDENCIAL – 04h48

A sala era envolta em escuridão total. Somente um terminal luminoso destacava-se no centro, conectado diretamente à rede neural que alimentava a estrutura digital de Rael. Leonardo digitava códigos, um após o outro, com precisão cirúrgica. Ao seu lado, Mikhail vigiava o perímetro. Ravena estava armada até os dentes.

— Tem certeza disso? — perguntou ela.

— O vírus de Giuliano vai contaminar a malha de Nêmesis, apagando memórias, reconfigurando ordens. E se funcionar… Rael perderá o controle dos protótipos — explicou Leonardo. — Mas se falhar… eles se voltarão contra tudo.

— Incluindo nós.

Leonardo inseriu o chip.

— Que assim seja.

A tela piscou. Um símbolo antigo surgiu: o brasão da linhagem Vasquez sendo devorado por uma serpente invertida.

UPLOAD INICIADO.

Contagem regressiva: 60… 59… 58…

SILO BETA – ROMÊNIA – 05h00

Rael caminhava pelos corredores iluminados em azul. Os clones estavam todos em treinamento. Sem emoção. Sem questionamentos. Ele assistia com orgulho.

— Em breve, não existirão mais famílias. Apenas uma linhagem: a minha — murmurou.

Mas então, as luzes piscaram. Os alarmes tocaram. As cápsulas começaram a liberar fumaça preta.

— O que está acontecendo?! — gritou.

A Dra. Ilona correu até o painel.

— Um vírus! Invadiram a malha cerebral. Os protótipos estão entrando em modo de erro.

— Reinicie!

— Não é possível! Eles estão… entrando em loop!

Um dos protótipos começou a gritar. Outro caiu em convulsão. Um terceiro simplesmente explodiu, espalhando sangue sintético pelas paredes.

Rael olhou para os corpos, então para as câmeras.

— Leonardo…

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GENEBRA – VARANDA DA SUÍTE – 05h30

O céu começava a clarear com tons de vermelho e cinza. Leonardo, exausto, observava o nascer do dia como quem observa a fumaça de um incêndio distante.

Ravena trouxe uísque. Sentou-se ao lado dele. Silêncio por minutos.

— Quantos morreram com o vírus?

— Centenas. Talvez milhares se incluirmos os cientistas e colaboradores. Mas Rael não morreu. E também… não parou.

— O vírus enfraqueceu a estrutura?

— Sim. Mas revelou algo pior.

Ela o olhou.

— O quê?

— Rael aprendeu. Está agora criando um núcleo fechado, à prova de interferências externas. Uma nova geração de protótipos. Sem chips. Sem falhas. Totalmente biológicos.

Ravena arregalou os olhos.

— Clones… humanos?

— Humanos e leais. Com partes da consciência de Giuliano, gravadas geneticamente.

Ela soltou um palavrão em russo.

— Isso não é mais guerra. É necromancia genética.

Leonardo bebeu.

— É o inferno de Giuliano reencarnando no corpo do filho.

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MOSCOU – GALERIA SUBMERSA – 09h45

O velho Cardeal, líder oculto do juízo subterrâneo, recebia uma visita inesperada. A figura de capuz dourado ajoelhou-se diante dele, revelando o rosto parcialmente queimado.

— Você demorou — disse o Cardeal.

— Estava observando. Mas agora… vou agir.

— Leonardo ou Rael?

— Os dois. Estão jogando com poderes que não compreendem.

— E você?

— Eu sou o que resta do meio-termo.

— Um fantasma?

— Um filho rejeitado. Esquecido por Dominick. Usado por Giuliano. E agora... pronto para cobrar o preço.

— E como se chama?

O homem ergueu os olhos, frios como o mármore.

— Domenico.

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LONDRES – COBERTURA VASQUEZ – 10h00

Rael esmagava o copo de uísque com as mãos nuas. O chão estava coberto de vidro. Sangue escorria dos dedos. Ao seu redor, os últimos fiéis do clã tremiam.

— Ele acha que venceu. Mas só acordou o verdadeiro monstro — rosnou.

Dra. Ilona entrou apressada.

— Os protótipos restantes foram realocados. A próxima geração estará pronta em vinte dias.

— Não em vinte. Em dez.

— Isso é impossível!

— Faça o impossível ou será a próxima cobaia.

Ela abaixou a cabeça.

— E Leonardo?

Rael olhou para o anel no dedo, símbolo dos Vasquez.

— Não vou matá-lo. Vou fazer com que deseje estar morto. E quando isso acontecer… colocarei sua cabeça em uma cápsula, para que assista ao novo mundo nascer.

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GENEBRA – CATEDRAL ESCONDIDA – 12h30

Leonardo entrou na catedral silenciosa, acompanhado apenas por Ravena e Mikhail. Um altar coberto por símbolos antigos os aguardava. No centro, uma figura feminina de rosto tatuado com sangue seco.

— Quem é você? — perguntou Leonardo.

Ela sorriu, um sorriso que gelava a alma.

— Eu sou a herdeira da ruptura. A voz da balança. A que trará o fim do filho escolhido.

— Está falando de mim ou de Rael?

— Ambos sangram o mesmo veneno. Um escolheu o extermínio. O outro… a redenção por meio da destruição.

— E você está aqui por quê?

Ela se aproximou.

— Porque nenhum de vocês chegará ao fim sem passar por mim.

Leonardo olhou para o altar. Um nome estava gravado ali.

DOMENICO.

O sangue antigo clamava. O ciclo reabria. E o herdeiro final… jamais esteve sozinho.

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