O calor no pátio do presídio parecia brotar do chão rachado, misturado ao cheiro azedo de suor e concreto mofado. Mas nem o calor, nem o fedor, conseguiam se comparar à raiva que queimava dentro de mim. Um ódio silencioso, corrosivo, que me mantinha alerta, prestes a explodir. Tudo que eu queria era estar do lado de fora, com Isabela. Ver o rosto dela sem aquela expressão de medo. Um dia segurar meu filho nos braços e sentir que ainda tenho algum controle sobre a porra da minha vida.
Mas ali, trancado entre essas quatro paredes sujas, tudo o que me restava era o gosto amargo da impotência.
Encostei a testa na parede fria da cela, tentando me concentrar, mas a última visita não saía da minha cabeça. Isabela tentou ser forte, tentou me mostrar firmeza, mas eu vi nos olhos dela... ela estava quebrada. A porra da mãe dela quase destruiu a nossa vida. Como é que uma mulher tem coragem de jogar a própria filha no inferno? Isso nunca vai ter perdão. Nunca.
E quando ela mencionou o tal do