Dois meses...
Já se passavam dois meses desde aquele dia, e muita coisa tinha mudado. Isabela agora estava com quatro meses de gravidez, e a barriga dela começava a despontar de um jeito que não dava mais para esconder. Era estranho ver aquilo. Estranho... e viciante. Eu não sabia o que diabos sentia ao ver aquele corpo mudando, crescendo por minha causa, mas sabia que aquela imagem grudava por dentro. Me prendia.
Ela estava deitada no sofá da nossa nova casa, uma casa grande, moderna, com tudo de melhor que o dinheiro do tráfico podia comprar, mas ainda era o morro, ainda era o nosso território. Mesmo assim, ela parecia deslocada ali, com aquela carinha cansada, os pés para cima, o corpo rendido ao cansaço. Tinha algo nela que me dava um nó na garganta. E eu odiava isso.
Peguei seus pés com raiva contida, como se aquela carícia me aliviasse tanto quanto a ela. Comecei a massagear, sem dizer nada. Só sentindo.
— Como você tá? — perguntei, mais para não enlouquecer com o silêncio d