Quando entramos em casa, o silêncio caiu pesado entre nós. Isabela andava devagar, mais por causa do abalo emocional do que por algum sintoma físico. A médica na UPA disse que ela estava bem, que o mal-estar era provavelmente resultado de estresse ou queda de pressão. Mas eu sabia que era mais profundo que isso. Algo estava corroendo ela por dentro.
Ela não disse uma palavra. Só caminhou direto até o banheiro e trancou a porta. Eu fiquei ali na sala, jogado no sofá, com a mente girando. Não era só o susto do desmaio. Era o medo de estar perdendo o controle sobre ela, sobre tudo. E isso me deixava puto.
O barulho dos armários sendo abertos e fechados chegou até mim. Eu sabia o que ela estava procurando. Sabia que aquele momento estava prestes a explodir.
Minutos depois, ela saiu do banheiro. O rosto estava pálido, e ela segurava a caixinha do anticoncepcional com tanta força que os dedos estavam brancos. Nossos olhos se encontraram, e, pela primeira vez em muito tempo, eu vi medo de