Eu não sabia o que esperar quando entrei na casa da minha tia Rita. Mas, no fundo, esperava alguma coisa. Qualquer coisa. Um abraço, um conselho, uma palavra que me tirasse do abismo em que eu estava afundando. Mas tudo o que encontrei foi o cheiro de cebola fritando e o silêncio pesado de quem já viu demais para se abalar com o caos.
Ela estava na cozinha, mexendo uma panela qualquer, mas os olhos... os olhos estavam distantes, como se tivessem se cansado de olhar para o sofrimento dos outros.
Fiquei parada por alguns segundos, esperando que ela me notasse. Que me dissesse que ia ficar tudo bem. Mas ela só lançou um sorriso fraco. Triste. Quase apático. Como se dissesse “eu avisei”.
— Tia... eu preciso falar com você. — murmurei, a voz rouca, embargada, como se as palavras rasgassem a garganta no caminho.
Ela se virou devagar, os olhos finalmente pousando em mim. E naquele instante eu senti vergonha de estar ali. Parecia pequena. Suja. Como se carregar o nome dele me transformass