Matheo Montclair
Passei o dia inteiro tentando me ocupar. Reuniões, contratos, telefonemas com advogados. Tudo perfeitamente comum, exatamente como eu gostava de manter: previsível, sob controle. Mas, mesmo imerso em papéis e assinaturas, havia algo que não conseguia tirar da cabeça.
Isabela.
A imagem dela se projetava sem permissão: primeiro, a forma como caiu sobre mim no corredor pela manhã. O corpo quente contra o meu, o perfume doce misturado ao cheiro de treino, o olhar surpreso, próximo demais. Depois, flashes do vestido da noite anterior, o sorriso irônico no jantar com meu pai, a desenvoltura que exibia sem esforço.
E eu, que sempre mantive disciplina quase militar sobre meus pensamentos, me percebi disperso. Lembrei dela no jardim, a calistenia ao nascer do sol. Tudo que ela faz tem uma intensidade irritante. Não há nada de casual em Isabela Andrade, nem mesmo quando tropeça.
Voltei para casa exausto, disposto a manter distância. Mas o cheiro que me recebeu atravessou qualqu