Isabela Andrade
Eu nunca fui de tropeçar. Nem de esbarrar em ninguém. Mas o corredor da mansão pareceu conspirar contra mim naquela manhã. Eu e Matheo abrimos as portas ao mesmo tempo e, de repente, eu estava sobre ele.
Sobre Matheo Montclair.
O choque não foi forte, mas suficiente para me roubar o ar. O peito dele firme, as mãos em minha cintura, o perfume amadeirado misturado ao tecido caro do terno. O olhar dele, próximo demais, prendeu o meu de um jeito que não sei descrever.
— Me desculpa! — soltei, apressada, tentando me afastar.
Ele não se moveu. Segurou-me firme, como se não fosse me deixar cair outra vez. A proximidade me deixou em desvantagem. Eu não deveria ter notado a tensão do maxilar, a gravata torta pelo impacto, o calor que atravessava a roupa. Mas notei.
Quando finalmente consegui me recompor, saí rapidamente. Era isso ou ficar mais um segundo presa ao olhar dele, e esse era um risco que eu não podia correr.
Fechei a porta do quarto atrás de mim, encostando as costas