Matheo Montclair
Nunca fui de perder tempo com devaneios, mas quando ela desceu as escadas do Ateliê, foi inevitável. O ar ficou mais denso, e o tempo pareceu diminuir o ritmo. O vestido azul-marinho grudava nas curvas certas, a fenda desenhava cada passo como se fosse calculado. A única alça deixava o ombro exposto de um jeito provocante, e a cintura marcada me fez apertar o maxilar. Era impossível não olhar, e mais difícil ainda manter o controle.
Respirei fundo, endireitei no assento e ajeitei a gravata, disfarçando a reação que o corpo teve de imediato. O perfume dela, limpo com um toque de jasmim, invadiu o espaço antes mesmo de chegar ao último degrau. Ela não parecia alguém que estava improvisando, parecia que tinha nascido para aquele tipo de ocasião. Essa mulher tem uma capacidade irritante de se adaptar a qualquer situação e ainda me deixar sem chão.
— Está apropriado. — foi tudo que consegui soltar, seco, mesmo sabendo que não fazia jus ao que eu realmente estava pensando.