O fim da tarde trouxe uma brisa fresca que percorreu cada canto da casa, dançando pelas cortinas e embalando as folhas no quintal. Evelyn fechou o caderno devagar, como quem encerra um capítulo interno, e apoiou a caneta sobre ele com um suspiro satisfeito. Não lembrava da última vez que escrever lhe causara essa sensação de paz — não catarse, não exaustão, mas um contentamento silencioso.
Levantou-se da varanda e entrou na casa em busca de Lucas. O encontrou na garagem, mexendo em algumas caixas antigas. Ele usava uma camiseta velha, manchada de tinta, e estava tão concentrado que não percebeu a presença dela de imediato.
— Achei que você tivesse se perdido no tempo — ela disse, com um sorriso.
Lucas virou-se, surpreso, e sorriu de volta.
— Talvez tenha mesmo. Estava procurando umas ferramentas e acabei achando isso aqui.
Ele apontou para uma caixa de papelão aberta, onde havia algumas fotos emolduradas, medalhas antigas, um par de chuteiras gastas e um álbum em couro já um pouco des