Eu estava desolada. Sentada no chão frio e áspero, bem no lugar onde tudo tinha acontecido, como se o asfalto ainda pulsasse com os gritos da confusão. Meu irmão também estava lá, do outro lado da calçada, encostado na parede descascada, o rosto ferido, o corpo curvado como se carregasse mais do que dor física. Era tarde. A rua estava vazia, escura, esquecida por Deus e pelo mundo. E nós… nós também estávamos esquecidos.
Só restava o silêncio — e a urgência.
Eu tentava pensar. Tentar encontrar uma saída. Mas tudo que vinha à minha mente era o eco de uma contagem regressiva. Vinte e quatro horas. Esse era o prazo. Se não pagássemos, seria o fim. E não apenas o fim para ele. Para todos nós. Eles sabiam quem éramos. Onde morávamos. Sabiam da vovó. Dos nossos irmãos. Sabiam demais.
— Vinte e quatro horas… — sussurrei, mais pra mim mesma do que pra ele. — Você acha que eu vou fazer o quê? Roubar um banco?
Minha voz saiu trêmula, mas carregada de fúria. Não era só medo. Era o tipo de r