Eu estava feliz hoje. Aquelas duas finalmente tinham ido embora, e eu só desejava que demorassem a voltar. Claro, no fundo eu sabia que todo ano elas retornariam, como um ciclo inevitável, mas não deixaria que isso estragasse meu dia. Pela primeira vez em semanas, a casa estava vazia. Apenas Amar e eu.

Entrei com um sorriso largo, fechei a porta atrás de mim e segui direto para a cozinha. Respirei fundo. O ar parecia mais puro, limpo de qualquer resquício daquelas mulheres que haviam transformado meus dias em um verdadeiro caos. Graças a Deus, Débora não ouvira a conversa que tive com Miguel. Mas ainda havia quem não aceitasse bem a surpresa do meu relacionamento com o meu chefe.

Miguel, que no início me apoiou, parecia ter esquecido que também estava envolvido nisso. Eu sabia que era crueldade da minha parte — ameaçá-lo, usar contra ele sua amizade com Amar. Mas o medo de perdê-lo me corroía. Eu precisava de todos os recursos possíveis. Não podia deixar nada atravessar o meu caminho.