Capítulo 15
Pagar a dívida do meu irmão e salvar a vida da minha família deveria ser uma vitória. Deveria me fazer sorrir. Mas não fazia. Não com a forma como consegui aquele dinheiro. Entregar aquela bolsa cheia de dólares para aqueles idiotas me deu um gosto amargo na boca — não porque eu queria o dinheiro para mim, mas porque no fundo, eu queria devolvê-la ao verdadeiro dono. E talvez, se eu tivesse feito isso, eu não estaria aqui hoje. Não estaria enfiada nesse teatro miserável que alguém escreveu para mim.
Naquele dia, eu me olhava no espelho tentando me convencer de que aquilo era apenas um trabalho. Vestia os saltos que passei o fim de semana inteiro treinando — subindo, descendo escadas, andando pelo quintal só para não tropeçar na frente dele. Tive até aulas de informática, como se saber abrir um e-mail fosse suficiente para ser assistente de um homem como ele. Aprendi até a fazer o café do jeito que ele gostava — forte, sem açúcar, com uma pitada de perfeição. Tudo era crono