Capítulo 16
Aqueles olhos. O cabelo tão vermelho quanto o fogo. A pele pálida, quase etérea. Parecia uma visão — um sonho daqueles que deixam a gente acordado mesmo depois de abrir os olhos. Mas eu estava desperto. Sabia disso. Acordei cedo, fui para a academia, nadei até não sentir os braços... Cada músculo doía, cada gota de suor me lembrava que eu estava vivo. Acordado.
Ainda assim, a imagem dela ali, parada na minha cozinha — na minha cozinha — parecia tudo, menos real. Era como se eu tivesse voltado no tempo, a dias atrás, ao instante exato em que tudo saiu dos trilhos.
Não, eu não podia estar sonhando. Eu já estava lidando com demais. A perda da minha secretária — a única pessoa que conhecia meu caos como ninguém. Os compromissos, os horários, meus vícios silenciosos, minha mania por controle. E o fim de semana? Um desastre disfarçado. Enquanto todos imaginam que eu descanso nos fins de semana, eu apenas... existo. Trancado nos meus próprios pensamentos, rabiscando criações no p