Rosemary
Aceito a ajuda e seguro a sua mão, me levantando. Fico o olhando por bons segundos. O homem é muito gostoso! — Por que Britany Silveira e Emílio Barbosa te humilharam? — fala, quebrando o silêncio. — Emílio é meu ex, e ele me humilha sempre! E a nojenta da Britany tem o caráter tão podre quanto o dele! — Qual é seu nome? — Rosemary. — É um prazer te conhecer, Rosemary. Meu nome na voz dele deixa o meu coração agitado. Diz e nota minha mão machucada. Ele enfia a mão no bolso da calça, tira um lenço e amarra na mão que cortei com os cacos de vidro. Nossos olhares se prendem um no outro. Se Suelen estivesse aqui, ela diria que o meu encontro com o senhor Montenegro é uma cena igual à de novela mexicana. — Aceita uma carona? — Aceito sim. Ele sorri de forma breve. — Eu não comi quase nada o dia todo. Quer jantar comigo? O olho intrigada. O que diabos esse homem poderoso quer comigo? — Sim. Estou curiosa para conhecer ele. Ele estende o braço. Entrelaço o meu com o dele. Se alguém me falasse que eu, uma pobre mulher, iria jantar com um multibilionário, eu mandaria essa pessoa parar de usar drogas. Não estou acreditando que isso tudo é real. Parece um sonho daqueles bem malucos. Victor abre a porta do seu carro extremamente chique para mim. — Obrigada, senhor Montenegro. — digo, ao entrar. Ele entra logo depois e se senta no banco do motorista. — Me chame só de Victor. — diz, me ajudando a colocar o cinto de segurança. O perfume do seu corpo é um aroma forte e marcante. Combina com o dono. — Obrigada pela ajuda. Ele coloca o cinto nele e começa a dirigir. Durante o caminho todo, Victor Montenegro não falou uma única palavra. Ao chegarmos, Victor abre a porta para mim outra vez. Em seguida, dá as chaves para o manobrista, e ele leva o carro para o estacionamento. Entramos no restaurante, e me sinto uma mendiga com meu vestido rosa simples que já usei inúmeras vezes. As pessoas são extremamente elegantes. Não pertenço a esse lugar! — Que foi? — Não sou bem-vinda aqui. — aponto para as pessoas que estão me olhando de forma esnobe. — Você está comigo. Ninguém vai tocar em um fio de cabelo seu. Se sente. — diz, e eu sento de frente para ele. Peço para ele pedir uma comida que não seja lesma ou caviar. Já comi enlatado e odiei. Os ricos são muito estranhos: com tanto dinheiro, preferem comer essas comidas esquisitas, sem gosto de nada. Que malucos! Assim que o nosso pedido chega, começo a comer com os talheres simples. Victor come e me observa de modo intrigante. — Está namorando no momento? — pergunta, após terminar a refeição. — Não... — falo e bebo champanhe. — Estou procurando uma esposa. Quase cuspo o champanhe fora. Será que esse homem vai falar o que eu estou pensando? — Estaria interessada na vaga? Termino de comer e o encaro com espanto. — O senhor é louco? Mal me conhece! É pegadinha, né? — Eu preciso de uma esposa submissa, e você, obviamente, precisa de proteção. Case comigo, e terá tudo que desejar! Coitado, bateu a cabeça bem forte... — Posso muito bem cuidar de mim mesma! Espero que encontre essa tonta submissa. — digo, me levantando. — Já encontrei: é você! — Obrigada pelo jantar, tchau. — digo e me viro, saindo do restaurante. Esses riquinhos acham que podem comprar todo mundo. Esnobes, idiotas. Sinto uma mão no meu ombro. — Eu te levo para casa. — Não quero. — Prometo que não direi uma palavra no caminho. — Tudo bem. O manobrista traz o carro dele de volta. Ele abre a porta novamente, e eu entro. Victor entra e começa a dirigir. Se eu contar para a Suelen, ela com certeza vai falar: "Eu te avisei, é o seu destino." Jamais vou ser um brinquedo nas mãos de um babaca rico. Como prometido, ele não fala nada. Enfim, ele para o carro em frente à pensão de Fafá. Abro a porta e saio. Olho para trás e vejo seu sorriso. Me viro e entro. Fafá e algumas hóspedes estão na sala, jogando baralho. — Aí, menina, até que enfim chegou! O imbecil te deu o dinheiro? — Não! conto tudo que aconteceu para ela que sorri com entusiasmo. — Meu Deus, você vai aceitar? — Claro que não! Victor Montenegro só quer um passatempo. — Pense bem, Rose. Esse homem pode te proteger de Emílio e do seu padrasto nojento. Me sento no sofá, e quando vou responder ela, vejo uma mensagem no celular que muda tudo! Dessa vez, aquele verme passou de todos os limites! Será que nunca vou ter paz nessa vida? O que fiz de errado para merecer tanto encosto?