O peso da descoberta o ancorava ao sofá, o coração disparado enquanto lutava com o que fazer. A fita desbotada ainda estava nas mãos de Gabriel, e o maço de papéis na caixinha parecia chamá-lo, cada dobra prometendo mais verdades que ele não tinha certeza se podia suportar.
Ele sabia que não deveria. Abrir a primeira carta já fora uma invasão, um passo além da curiosidade que justificara ao pegá-la. Mas a tentação era mais forte que a culpa. Com cuidado, como se temesse quebrar algo além do papel, ele desdobrou outra carta.
“Você já sentiu o coração apertar só de olhar pra alguém?” ela escrevera, a caligrafia mais trêmula, como se as palavras tivessem sido difíceis de pôr no papel. “Eu sinto isso toda vez que você está por perto, e odeio não ter coragem de dizer.” Gabriel fechou os olhos, a memória de Elana sorrindo sob a luz do sol invadindo-o, misturando-se à imagem dela agora, dormindo a poucos metros, tão perto e tão distante.
Cada carta era um pedaço do coração dela, um eco d