O silêncio confortável foi desaparecendo aos poucos. Eu sentia Matheus me observando, como se estivesse escolhendo as palavras certas antes de falar. E eu sabia o que viria a seguir. Não era possível que ele não tivesse nada a dizer depois do que aconteceu no carro.
— Eu andei pensando sobre o que você disse naquela noite — ele começou, pude ver seus dedos se apertando ainda mais forte. — Sobre mantermos as coisas profissionais.
Meu peito apertou. Eu não queria ter essa conversa. Mas, ao mesmo tempo, parte de mim sabia que precisávamos.
— Foi o melhor a fazer —, murmurei, sem olhá-lo diretamente. — Eu só... Não quero me meter em algo complicado.
— Mas e se eu quiser? — sua resposta foi quase perturbadora, só estava preparada para uma compreensão silenciosa, como sempre.
Levantei os olhos, surpresa.
— O quê?
Matheus inclinou-se um pouco para frente, apoiando os cotovelos na mesa.
— E se eu não quiser me afastar?
Minha respiração vacilou. Eu não esperava que ele fosse tão direto. Semp