O silêncio entre nós pesava tanto quanto a chuva lá fora. Eu ainda sentia o calor da risada que escapou minutos atrás, mas agora meu peito estava apertado. Matheus realmente agia diferente de Gabriel, o que tornava tudo ainda mais frustrante, já que dificultava as coisas. Era a gentileza, a forma como ele me olhava sem exigir, sem pressionar.
Engoli em seco, sentindo o coração acelerar. Eu deveria me levantar, jogar o copo vazio fora e ir embora antes que fizesse algo estúpido. Antes que cedesse a esse desejo irracional de me perder nele por um instante.
Mas então ele falou:
— Eu sei que você tem seus motivos para querer distância. E eu prometo respeitar isso. Mas não vou mentir, Julia. Eu não quero me afastar de você.
A voz dele era baixa, rouca. Havia algo em seu olhar, um brilho indecifrável que me fez prender a respiração. Minha mão apertou o copo de isopor, mas não consegui dizer nada. As palavras estavam presas na garganta, esmagadas pelo peso de tudo o que eu sentia e não queri