O táxi parou em frente ao hotel pouco depois das oito da noite. Ainda estava quente, mesmo com o céu escurecendo, e as luzes da cidade começavam a refletir nos vidros do prédio de forma quase hipnótica. O calor, no entanto, brigava vorazmente com a maresia, nós quase tínhamos ficado pela estrada para ver o mar.
O lugar era mais luxuoso do que eu esperava — mármore no saguão, funcionários impecáveis, um cheiro sutil de flores e algo amadeirado no ar-condicionado.
Matheus pegou as chaves na recepção com a naturalidade de quem já tinha feito aquilo dezenas de vezes, e só então notei que haviam reservado quartos separados. Um alívio e uma decepção se misturaram dentro de mim, confusos e incômodos. Eu não sabia o que esperava. Mas uma parte de mim queria continuar a proximidade do avião, aquele espaço entre nós onde tudo parecia mais simples.
— A gente tem reunião com o cliente amanhã às dez — ele disse, entregando meu cartão de acesso. — Mas até lá, o tempo é nosso.
Nosso.
Fiquei com aqui