Bati na porta duas vezes antes de perceber que já estava aberta.
Matheus estava encostado no batente, como se já estivesse esperando. Usava uma camiseta cinza simples e uma calça de moletom escura, os pés descalços no carpete. O cabelo ainda um pouco bagunçado do voo, e os olhos… os olhos diziam muito mais do que qualquer palavra que ele pudesse escolher.
— Oi — murmurei, sentindo meu coração dar aquele salto idiota no peito.
Ele sorriu, meio torto, meio cansado.
— Você demorou.
— Tava tentando decidir se era uma boa ideia.
— E concluiu que é?
— Ainda não sei.
Ele riu, baixinho, e abriu a porta de vez.
— Entra. Prometo não te morder.
Revirei os olhos, mas entrei.
O quarto dele era praticamente igual ao meu, mas com uma energia diferente. Havia um livro aberto sobre a cama, uma garrafa de água pela metade na mesinha e a mala dele ainda fechada, jogada num canto. Matheus fechou a porta atrás de mim e, por um segundo, ficamos em silêncio.
Ele encostou as costas na parede, cruzando os br