Capítulo Sessenta e Um

Nos dias que se seguiram, eu repeti muitas vezes para mim mesma que estava tudo bem ele não ir.

E, de verdade, estava.

Matheus decidiu não comparecer ao enterro do pai. Não porque fosse fraco. Mas porque era forte o suficiente para entender seus próprios limites. E eu o admirei por isso.

— Não preciso ver o caixão para me despedir, — ele me disse, sentado à mesa da cozinha, com as mãos em volta da caneca de chá que eu tinha feito. — O luto tá aqui dentro. E não vai embora só porque eu apareci de terno em um cemitério.

Eu apenas segurei sua mão, sem forçar nenhuma frase reconfortante. Às vezes, silêncio e presença bastam.

Foi dois dias depois que o advogado apareceu.

Um homem grisalho, formal, que falava de maneira seca, como se estivesse lendo um roteiro que já decorara cem vezes. Ele trouxe uma pasta de couro, e dentro dela, o que chamava de “últimas vontades de Álvaro Duarte”.

Matheus não esboçou reação quando ouviu o nome completo do pai. Apenas ajeitou a postura e apertou minha
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