Agatha encarou Lorena enquanto ela se aproximava com passos lentos e calculados, os saltos finos tocando o chão em ritmos quase ritualísticos, como se cada movimento fosse coreografado para dominar o espaço sem pressa. Os dedos de Lorena deslizavam pelo colar de pérolas em volta do pescoço com a delicadeza de quem sabe exatamente o efeito que sua imagem provoca — uma mistura de refinamento e intimidação.
O olhar de Agatha permanecia fixo, mas não havia ali ódio declarado, nem aquela frieza cortante que precede confrontos diretos. Era algo mais profundo: um cansaço denso e antigo, tecido por meses de provocações e crueldade, jogos de poder e perseguições veladas. Um desgaste que não se vê, mas se sente — como um vestido molhado grudando na pele após uma chuva morna e inesperada.
Lorena parou à distância cuidadosamente calculada — perto o suficiente para invadir o espaço pessoal, longe o bastante para parecer apenas uma colega cordial. A luz amarelada da manhã atravessava as persianas,