Vitor surgiu à porta com a respiração entrecortada, os olhos arregalados como se tivesse escutado mais do que deveria, ou como se procurasse por algo que já não sabia se queria encontrar. A atmosfera rarefeita da sala pareceu congelar por um segundo, como se todas as moléculas de ar tivessem parado em antecipação.
Um brilho de suor escorria pela têmpora dele, misturando-se aos fios desalinhados de cabelo, enquanto os punhos cerrados tremiam discretamente, revelando o conflito interno em ebulição sob sua fachada controlada.
Ele lançou um olhar direto a Lorena, os olhos faiscando como uma lâmina recém-puxada da pedra de amolar, e avançou com os ombros tensionados, como um animal encurralado pela presença dela.
— O que significa isso...?
— E o que você está fazendo aqui, Lorena? — rosnou, a voz grave reverberando pelas paredes como trovões abafados, carregada de indignação e desconfiança.
A frase parecia atravessar o silêncio como uma flecha. A sala, antes apenas tensa, agora pulsava