— Então... fiquei sabendo que você contou para o Vitor... sobre eu ser a verdadeira culpada pela tragédia. — A voz da mulher saiu baixa, mas cortante, como o deslizar de uma lâmina afiada sobre seda. Apesar do tom contido, carregava uma força que atravessava o ambiente como uma corrente elétrica invisível.
Lorena mantinha o corpo ereto, as mãos ocultas sob o tecido da roupa, mas os ombros levemente arqueados denunciavam o peso daquela declaração. Seus olhos, fixos em Agatha, tinham um brilho febril, não de ameaça, mas de algo entre mágoa e obsessão. Ela parecia oscilante entre o desejo de redimir-se e o impulso de destruir.
Agatha encarou-a com intensidade, os olhos dilatados revelando um turbilhão de emoções contidas. Era como se um vulcão silencioso borbulhasse por dentro. Culpa, indignação, medo, tudo se mesclava em seu olhar de quem tinha sido pega entre o dever e o coração.
Os ponteiros do relógio de parede, antes ignorados, agora pareciam troçar do momento, tique-taqueando alto