A casa em que estávamos era pequena, arejada, com janelas abertas para o mar. O som das ondas era uma constante, uma música de fundo que me fazia respirar mais devagar. Havia paz ali — mas também havia silêncio, e o silêncio, às vezes, fazia barulho.
Matheus preparava o café da manhã com uma concentração quase infantil, de camiseta larga e cabelos bagunçados. Eu o observava sentada no sofá, as pernas dobradas sob mim, uma xícara morna entre as mãos.
— Você tá diferente — ele disse, sem me olhar, enquanto mexia uma frigideira.
— Como assim? — perguntei, sentindo o estômago revirar, e não só pela pergunta.
Ele se virou devagar, os olhos passeando pelo meu rosto, depois descendo pelo meu corpo coberto apenas por uma camiseta dele.
— Não sei… seu corpo. Tá mais… cheio. Mas bonito. Tá lindo, na verdade. Só… diferente.
O sangue subiu ao meu rosto num calor involuntário. Tentei sorrir, mas havia um nó na garganta. Abracei meu corpo, querendo me proteger como a um segredo.
— Você anda reparan