Helena Duarte
Eu entrei correndo na sala de parto, com o coração martelando contra o peito. Não era comum, não era certo, mas eu precisava estar lá. Precisava ver Valentina trazer aquela vida ao mundo. Quando cruzei a porta, senti os olhares sobre mim, os médicos e enfermeiros, todos surpresos, mas Valentina me viu — e apenas assentiu. Era como se tivesse me autorizado em silêncio.
O choro agudo do bebê rasgou o ar logo em seguida, e minhas mãos tremeram. Meus olhos se encheram de lágrimas. Vi a pequena vida colocada sobre o peito da minha irmã, e o amor dela explodir em silêncio. Mas junto desse amor, havia algo escondido, algo que eu já desconfiava… e que não demoraria a vir à tona.
Leon estava encostado na parede, imóvel, como se o mundo tivesse parado. Eu sabia o que ele pensava, sabia o que ele temia, mas não esperava que ele fosse abrir a boca.
— Davi… — a voz dele quebrou o silêncio, grave, hesitante, mas carregada de verdade. — Eu preciso te contar uma coisa.
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Leon Nogueir