Ruan Duarte
Existem dias em que a vida não pede licença. Ela simplesmente chega, bate à porta com força e, quando você abre, nada mais é igual. Aquele foi um desses dias.
Eu estava na sala do apartamento, o silêncio quebrado apenas pelo som distante da cidade, quando ouvi a porta se abrir devagar demais. Milena entrou primeiro. O rosto pálido, os olhos marejados. Ravi vinha logo atrás, passando as mãos pelos cabelos, andando de um lado para o outro como um leão enjaulado.
Jéssica veio por último. Calma demais. E isso me assustou mais do que qualquer desespero.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, levantando.
Milena não conseguiu responder. As lágrimas começaram a cair antes das palavras.
Foi Jéssica quem falou.
— Aconteceu.
O coração começou a bater descompassado.
— Sentem-se. — ela disse, apontando o sofá.
Ravi sentou primeiro, as pernas tremendo. Milena se sentou ao lado dele, segurando sua mão como se fosse a única coisa que a mantinha de pé. Eu permaneci em pé, sentindo que algo