Ruan Duarte
Existem rupturas que fazem barulho — gritos, portas batendo, palavras ditas no calor da raiva.
E existem aquelas que doem mais: as silenciosas.
A semana seguinte à confirmação da gravidez de Milena foi assim. Cheia de silêncios que gritavam.
O almoço de domingo, que sempre foi barulhento e caótico na casa das nossas mães, aconteceu em um clima estranho demais. As vozes estavam baixas, os risos forçados, os talheres pareciam altos demais batendo nos pratos.
Minha mãe mal olhava para Jéssica.
A mãe de Ravi evitava olhar para Milena.
E ninguém, absolutamente ninguém, tinha coragem de olhar diretamente para mim.
— Então… — minha mãe começou, quebrando o silêncio — como anda a faculdade?
A pergunta veio tarde demais. E rasa demais.
— Indo. — respondi, seco.
Jéssica permanecia sentada ao meu lado, postura ereta, mas o corpo tenso. Eu sentia isso só de encostar nela. A mão dela repousava sobre o colo, os dedos entrelaçados com força demais.
— E você, Jéssica? — perguntou minha mã