Ruan Duarte
O relógio marcava três e vinte da manhã quando o telefone de Ravi começou a vibrar sobre a mesa da sala. Nenhum de nós dormia de verdade. Milena estava internada desde o começo da noite, e a espera tinha se transformado em um silêncio pesado, quase sufocante.
Ravi atendeu no segundo toque.
— Alô?
Ele não disse mais nada. Apenas ouviu. Seus olhos se encheram de lágrimas antes mesmo de desligar.
— É agora. — disse, com a voz falhando. — Ela entrou em trabalho de parto.
Saímos de casa quase correndo. O caminho até o hospital pareceu mais longo do que nunca. Ravi dirigia com cuidado exagerado, como se cada semáforo fosse um teste de paciência impossível.
— Eu não sei se tô pronto. — ele murmurou, sem tirar os olhos da estrada.
— Ninguém nunca está. — respondi. — Mas isso não te impede de ser.
No hospital, o cheiro de antisséptico misturado ao ar gelado me trouxe lembranças que eu nem sabia que guardava. Jéssica já estava lá, andando de um lado para o outro, com o rosto tenso e