~Joana Savoia vê seus sonhos desmoronarem ao ser rejeitada após um relacionamento de seis anos.~ — Porque a vida está sendo tão cruel? Não basta me deixar, ele quer minha irmã... — Joana lamentava. Lembrou-se do beijo no jardim, do estranho que deixou tocá-la e tomar sua boca na dele. — Esse é o castigo por meu deslize? ~Enquanto Joana tenta se recuperar da dor da traição, ela se vê atraída por Maximiliano Gonzalez, o capitão do famoso navio Diablo.~ Naquele momento, sem máscaras, disfarces ou reconhecimento, Joana via o homem que preenchia sua mente desde o beijo que trocaram no jardim. ~Em busca de vingança, Maximiliano, um contrabandista de sucesso, necessita casar com uma das duas garotas Savoia. Estando uma prestes a casar com seu inimigo, escolhe a irmã de Joana. A escolha se mostra errada e, para aplacar sua ira e proteger a família, Joana se oferece como noiva substituta.~ — Tem certeza que quer substituir sua irmã? — Ele repetiu vagarosamente, os olhos negros e penetrantes presos nos dela ao avisar: — Isso incluir a minha cama, Joana. ~Em meio a segredos obscuros e intrigas familiares, Joana e Maximiliano embarcam em um romance intenso, em que aprenderão que o caminho para a felicidade verdadeira requer coragem, sacrifício e uma fé inabalável no poder do amor.~ — Que tipo de sonhos pecaminosos teve? Joana inspirou fundo. — Só prestou atenção nessa parte? — Também prestei atenção na sua boca, em como desejo senti-la pelo meu corpo — ele citou sedutor, deslizando a mão por baixo da blusa dela, acessando sua pele e fazendo-a arrepiar-se. — Não comemoramos a entrega da sua aliança, lembra?
Ler maisAmor é pureza, sagrado e precioso.
Era dessa forma que Joana Savoia descrevia o calor que aquecia seu coração toda vez que apreciava a foto de seu noivo, Adriano Orleans, dentro do camafeu que ele lhe deu seis anos antes quando iniciaram o relacionamento.
O namoro tinha evoluído para noivado três anos antes, quando passou alguns meses na casa da família dele na capital e aceitou a proposta de unir em definitivo as famílias, em que as matriarcas eram primas de terceiro grau.
Em parte, o relacionamento só se iniciou por pressão de Kassandra, mãe do noivo, e pela paixão imediata de Joana pelo belo primo dez anos mais velho. Mesmo antes de iniciaram o namoro, quando Joana não passava de uma jovem deslumbrada de dezoito anos, a sogra, por ser sua madrinha, já trabalhava em sua educação, moldando o caráter e sonhos da jovem a sua vontade.
Kassandra também controlava o filho, incitando-o ao compromisso, mostrando as vantagens de ter uma esposa preparada por eles. Mesmo assim, ao longo dos seis anos de compromisso, tinham se visto poucas vezes, pois o noivo estava ocupado em expandir os negócios da família na capital, enquanto Joana permanecia na pequena cidade litorânea em que nasceram.
A distância tinha aumentando justamente após o anúncio do noivado quando o noivo, focado em especializações e na empresa, aberta na capital do país para aumentar o lucro da família Orleans, parou de visitar a cidade natal.
A jovem Joana restava fotos e as poucas mensagens que trocavam, cultivadas com carinho e amor, sonhando com o dia em que subiriam o altar.
Até que, finalmente, ele anunciou que voltaria em definitivo para a cidade e em breve poderiam iniciar os tramites para o casamento.
Em comemoração ao retorno, Kassandra idealizou uma festa a fantasia para recepciona-lo, em que todas as pessoas importantes e ricas da pequena cidade compareceriam.
Desacostumada a festas e maquiagem, Joana contou com a ajuda de sua irmã três anos mais nova e apaixonada por tutoriais de beleza, Dalila, para prepara-se. Não possuíam a cumplicidade vista em outras irmãs, mas Dalila a alegrou ao ajudá-la a se maquiar, cobrir seu cabelo preto com uma peruca de cachos acobreados e mudar a cor de seus olhos com lentes verdes, tornando-a irreconhecível aos demais e até a si mesma.
Sentia-se uma fada dentro do vestido bufante, azul claro e com pequenas flores bordadas. A delicada máscara, com detalhes em azul royal, lhe dava a segurança de não ser julgada, como era constantemente aos olhos de sua família e conhecidos. Por um dia, não precisaria ser um estandarte de perfeição.
Ainda assim, uma fantasia bonita não retirava sua timidez, então, embora seus pais conversassem com conhecidos e sua irmã dançasse com todos que a convidavam, não saiu do lugar em que sentou desde que chegou a festa. Apertando as mãos ansiosamente no colo, sentou em um canto discreto para aguardar a chegada de Adriano e não atrapalhar a diversão dos demais.
Sendo a anfitriã, Kassandra não pode permanecer ao seu lado após alguns minutos do início da festa, afinal, tinha de interagir com todos, mas tranquilizou Joana ao garantir que a avisaria quando ele chegasse.
De vez enquanto, para incentivá-la a se descontrair, Dalila aproximava-se com taças de coquetéis deliciosos, que Joana tomava sem perceber que pouco a pouco era dominada por uma letargia alegre.
Com o passar das horas a letargia foi seguida de um embrulho no estômago e tontura. Ergueu-se descuidadamente, planejando ir ao banheiro, e tombou ligeiramente para frente. Teria caído se um homem não a amparasse pela cintura.
— Tome cuidado, minha bela noiva!
Confusa, ergueu o rosto, mas pouco conseguindo visualizar em meio a sua primeira embriaguez.
— Dance comigo.
O convite, feito pela voz máscula e possante, e a palavra “noiva” causou um calor novo no estômago de Joana, que se alastrou agradavelmente pelo corpo da jovem e a fez levar os dedos até o camafeu com a foto do noivo no interior.
Corando, tentou focalizar melhor o homem alto, de ombros largos e cabelo preto preso em um rabo-de-cavalo parado a sua frente, segurando-a perto de si e sustentando um atraente sorriso de canto nos lábios. A roupa preta, com direto a capa e máscara de corvo, com penas grossas ocultando seus olhos, davam a ele um ar misterioso e sombrio.
Apesar de o chamado indicar que fosse Adriano, as características dele não encaixavam no homem loiro que a pediu em casamento no ano anterior, nem a voz parecia, embora com a mente embolada pela bebida nada estivesse muito claro para ela.
Olhou confusa a sua volta, a procura de sua madrinha, mas não a encontrou por perto. Isso porque as pessoas não passavam de borrões em sua mente confusa pelo álcool.
— Vamos dançar, bela noiva! — O homem insistiu, agora com um tom de ordem e irritação.
Temendo desagradar o noivo, Joana aceitou com um aceno de cabeça e o seguiu para a pista de dança.
Sendo uma mulher de tradições antiquadas, a trilha sonora escolhida por Kassandra eram na maioria melodias românticas. Para danças decentes, tinha dito sua madrinha, e Joana concordou. Mas agora, com o noivo apertando-a contra seu corpo forte, uma mão grande e quente pousada em sua cintura, preferia que estivessem dançando uma mais agitada, que exigisse distância.
— Está muito calada — ele disse depois de alguns minutos tocando seu rosto.
O toque despertou sensações desconhecidas em Joana, que o fitou com olhos estreitados, visualizando o rosto dele com um pouco mais de nitidez pela primeira vez desde que ele a abordou. Os olhos negros a surpreenderam, tanto pela intensidade com que a fitava, quanto por não serem azuis como os que Adriano possuía. Supôs que, assim como ela, usasse lentes.
Abriu a boca para dizer que estava envergonhada, por ter bebido além da conta, mas perdeu a fala quando ele deslizou o polegar por seu lábio inferior devagar, em uma carícia que a deixou ainda mais embriagada e mole.
— Vamos sair daqui!
Sem aguardar concordância, ele agarrou sua mão e a puxou para fora do salão.
Desnorteada pela impetuosidade de seu noivo e pela bebida, se deixou levar até o jardim dos fundos da propriedade. Quando por fim ele parou de andar, perto de uma árvore frondosa e encoberta pelas sombras da noite, tentou mais uma vez falar, mas ele tomou sua boca.
Pega de surpresa, sentindo as mãos fortes apertarem sua cintura e um calor cálido a envolver, deixou os lábios serem dominados pela paixão dos beijos dele. Em suas palmas sentiu o coração dele disparar na mesma intensidade do seu.
Foi só quando o enjoo dominou seu estômago, subindo numa crescente por sua garganta. Sabendo o que aconteceria, sua reação foi empurra-lo e se afastar correndo para fora da propriedade. Só parou quando o enjoo foi maior que o receio de ser vista colocando tudo o que bebeu e comeu para fora.
O sol da manhã filtrava-se suavemente na cabine do navio Diablo, Joana abriu os olhos lentamente, sentindo-se embalada pelo suave balançar do navio, enquanto Maximiliano, seu marido, dormia tranquilamente ao seu lado. Com um sorriso carinhoso nos lábios, Joana observou o rosto sereno de Maximiliano. Tinha cada centímetro do corpo másculo grudado ao seu. As pernas dele estavam entrelaçadas às suas, sua mão esquerda segurava frouxamente a mão direita dela, o lindo rosto repousava em seus seios, os lábios próximos ao mamilo de seu seio esquerdo. Ondas de calor a percorreu quando se lembrou da noite anterior. Não havia um centímetro de seu corpo que não havia sido beijado ou tocado. As mãos atrevidas, ousadas, tocaram suas partes mais secretas e sensíveis. Joana abaixou os olhos para o rosto adormecido. Como o adorava! Como era lindo! Maximiliano possuía uma aura de poder que subjugava a todos. E era um homem encantador com ela, com olhos escuros que sempre irradiavam ternura e um sor
A realização do maior sonho de Maximiliano e Joana iniciou-se com um dia ensolarado, de brisa suave e céu claro. Transformando a cerimônia em um evento intimista, o Diablo foi escolhido como cenário para a união deles e somente as pessoas mais próximas, que torciam pelo amor deles, foram convidadas a subir a rampa. As cores escolhidas para a decoração foram os tons suaves de azul, branco e dourado, representando o mar, a pureza e o amor que unia o casal. Cada canto do navio foi decorado com lírios brancos e folhagens, tecidos suaves e iluminação delicada. No deck principal foi colocado um altar, um arco de lírios e ao fundo tinham a vista panorâmica do mar azul. Os acordes preencheram o ambiente e o ansioso noivo se posicionou no altar, observando sua encantadora noiva entrar de braço dado a sua mãe, aproximando-se pouco a pouco. No momento em que ela saiu da cabine, em seu longo vestido de seda branca, hipnotizado, Maximiliano Gonzalez só tinha olhos para ela, desejando que a ceri
O tempo também trouxe os julgamentos de Maximiliano e Margô, réus nos assassinatos dos primos Orlando e Queiroz. Para angústia de Joana, ocorreram em dias distintos, mas ambos foram abertos ao público e estiveram repletos de espectadores ansiosos no desenrolar dos crimes que abalaram a cidade, em especial o da morte do delegado. Margô foi a primeira a ser julgada. Foram apresentadas evidências contundentes do histórico de abuso físico e psicológico sofrido nas mãos de Orlando. Como prometido por Joana, as garotas do Salão Real foram chamadas como testemunhas, confirmando que todas sofriam há anos e que as autoridades não tomaram medidas adequadas para protegê-las devido o parentesco de Orlando com o delegado Queiroz. No caso de Maximiliano apresentaram a ilegalidade de sua detenção, o julgamento e transferência em questão de dias sem o devido processo legal. Também foram apresentadas provas que o caminho escolhido pelo delegado e a bomba no veículo de transporte eram claros sinais d
Juntando coragem, Margô decidiu abordar Joana, pedindo para seguirem para um canto mais calmo a fim de conversarem.Imaginando se tratar de outra discussão, Joana preferiu não estragar ainda mais seu dia.— Margô, hoje não, por favor.— Sei que não mereço a sua consideração, mas precisamos conversar.Notando a tensão de Joana, e receoso do que Margô aprontava dessa vez, Maximiliano se aproximou das duas. Lançou seu braço em volta da cintura de sua noiva, enquanto fitava Margô com reserva.— O que está acontecendo?Margô olhou para Maximiliano e depois para Joana, respirou fundo e tomou uma decisão.— Na verdade minha conversa tem que ser com todos vocês — falou alto para sua voz ficar acima da conversação e risadas. Aguardou o silêncio antes de continuar determinada: — Minhas ações nos últimos meses foram egoístas, erradas e irresponsáveis, e eu gostaria de pedir desculpas para todos vocês. — Olhou fixamente para Joana. — Principalmente para você, Joana. — Envergonhada, contou o que f
Alertado por um guarda de Sanmarino – um dos fieis a memória de Queiroz e a viúva -, Tarcísio se escondeu durante todo o tempo em que a policia ficou rondando Recanto Dourado. Com a partida dos guardas, correu em busca do auxílio de Kassandra.Sempre elegante e aparentemente calma, Kassandra o ouviu narrar o pedido de Adriano, sua participação nos planos de Dalila e a informação que alguém da fazenda o entregou. O olhar desdenhoso se intercalava entre ele e o retrato de seu falecido marido na parede ao fundo.— Preciso de ajuda, patroa.— Não posso fazer nada — soltou recostando-se em sua poltrona. — Com a morte do Queiroz e a chegada desse juiz insuportável estou de mãos atadas. Estão me investigando e, óbvio, a você também. Foi burro em se envolver na vingancinha de Dalila.— Foi à ordem do seu filho.— Adriano mandou que ficasse a cargo e Dalila, não mandou sequestrar Joana. Isso não é um crime. — Kassandra cruzou os braços, a expressão inabalável e determinada a proteger seus inte
Adriano engoliu em seco a desconfiança de Joana. Desconfiança refletida nos rostos dos outros três. Compreendia que duvidassem que Tarcísio tivesse atendido ao pedido de Dalila sem a autorização de um Orleans legítimo. E de fato autorizou que seu capataz obedecesse a sua futura ex-esposa. No entanto, o fez para se livrar de Maximiliano. Não que pudesse usar esse argumento naquele momento. Por isso limitou-se a uma meia verdade:— Garanto que não sabia de nada do que aconteceu...Maximiliano o interrompeu com um riso seco.— Pode mentir para si mesmo, mas nos poupe. Nem sequer quis ajudar quando pedi.— Mas ajudei — retrucou. — Tenho diferenças com você, mas me importo com Joana e jamais desejaria seu mal.— Agradeço a preocupação — Joana iniciou cáustica —, mas seu lugar é ao lado de Dalila. Por favor, vá embora.Adriano olhou para Carmem, esperando alguma reação dela, uma demonstração de estar do seu lado.— Joana está certa. Sei que pretende se divorciar de Dalila, mas ela ainda é s
Último capítulo