A noiva substituta do Capitão
A noiva substituta do Capitão
Por: Luciy Moon
Capítulo 1

Amor é pureza, sagrado e precioso.

Era dessa forma que Joana Savoia descrevia o calor que aquecia seu coração toda vez que apreciava a foto de seu noivo, Adriano Orleans, dentro do camafeu que ele lhe deu seis anos antes quando iniciaram o relacionamento.

O namoro tinha evoluído para noivado três anos antes, quando passou alguns meses na casa da família dele na capital e aceitou a proposta de unir em definitivo as famílias, em que as matriarcas eram primas de terceiro grau.

Em parte, o relacionamento só se iniciou por pressão de Kassandra, mãe do noivo, e pela paixão imediata de Joana pelo belo primo dez anos mais velho. Mesmo antes de iniciaram o namoro, quando Joana não passava de uma jovem deslumbrada de dezoito anos, a sogra, por ser sua madrinha, já trabalhava em sua educação, moldando o caráter e sonhos da jovem a sua vontade.

Kassandra também controlava o filho, incitando-o ao compromisso, mostrando as vantagens de ter uma esposa preparada por eles. Mesmo assim, ao longo dos seis anos de compromisso, tinham se visto poucas vezes, pois o noivo estava ocupado em expandir os negócios da família na capital, enquanto Joana permanecia na pequena cidade litorânea em que nasceram.

A distância tinha aumentando justamente após o anúncio do noivado quando o noivo, focado em especializações e na empresa, aberta na capital do país para aumentar o lucro da família Orleans, parou de visitar a cidade natal.

A jovem Joana restava fotos e as poucas mensagens que trocavam, cultivadas com carinho e amor, sonhando com o dia em que subiriam o altar.

Até que, finalmente, ele anunciou que voltaria em definitivo para a cidade e em breve poderiam iniciar os tramites para o casamento.

Em comemoração ao retorno, Kassandra idealizou uma festa a fantasia para recepciona-lo, em que todas as pessoas importantes e ricas da pequena cidade compareceriam.

Desacostumada a festas e maquiagem, Joana contou com a ajuda de sua irmã três anos mais nova e apaixonada por tutoriais de beleza, Dalila, para prepara-se. Não possuíam a cumplicidade vista em outras irmãs, mas Dalila a alegrou ao ajudá-la a se maquiar, cobrir seu cabelo preto com uma peruca de cachos acobreados e mudar a cor de seus olhos com lentes verdes, tornando-a irreconhecível aos demais e até a si mesma.

Sentia-se uma fada dentro do vestido bufante, azul claro e com pequenas flores bordadas. A delicada máscara, com detalhes em azul royal, lhe dava a segurança de não ser julgada, como era constantemente aos olhos de sua família e conhecidos. Por um dia, não precisaria ser um estandarte de perfeição.

Ainda assim, uma fantasia bonita não retirava sua timidez, então, embora seus pais conversassem com conhecidos e sua irmã dançasse com todos que a convidavam, não saiu do lugar em que sentou desde que chegou a festa. Apertando as mãos ansiosamente no colo, sentou em um canto discreto para aguardar a chegada de Adriano e não atrapalhar a diversão dos demais.

Sendo a anfitriã, Kassandra não pode permanecer ao seu lado após alguns minutos do início da festa, afinal, tinha de interagir com todos, mas tranquilizou Joana ao garantir que a avisaria quando ele chegasse.

De vez enquanto, para incentivá-la a se descontrair, Dalila aproximava-se com taças de coquetéis deliciosos, que Joana tomava sem perceber que pouco a pouco era dominada por uma letargia alegre.

Com o passar das horas a letargia foi seguida de um embrulho no estômago e tontura. Ergueu-se descuidadamente, planejando ir ao banheiro, e tombou ligeiramente para frente. Teria caído se um homem não a amparasse pela cintura.

— Tome cuidado, minha bela noiva!

Confusa, ergueu o rosto, mas pouco conseguindo visualizar em meio a sua primeira embriaguez.

— Dance comigo.

O convite, feito pela voz máscula e possante, e a palavra “noiva” causou um calor novo no estômago de Joana, que se alastrou agradavelmente pelo corpo da jovem e a fez levar os dedos até o camafeu com a foto do noivo no interior.

Corando, tentou focalizar melhor o homem alto, de ombros largos e cabelo preto preso em um rabo-de-cavalo parado a sua frente, segurando-a perto de si e sustentando um atraente sorriso de canto nos lábios. A roupa preta, com direto a capa e máscara de corvo, com penas grossas ocultando seus olhos, davam a ele um ar misterioso e sombrio.

Apesar de o chamado indicar que fosse Adriano, as características dele não encaixavam no homem loiro que a pediu em casamento no ano anterior, nem a voz parecia, embora com a mente embolada pela bebida nada estivesse muito claro para ela.

Olhou confusa a sua volta, a procura de sua madrinha, mas não a encontrou por perto. Isso porque as pessoas não passavam de borrões em sua mente confusa pelo álcool.

— Vamos dançar, bela noiva! — O homem insistiu, agora com um tom de ordem e irritação.

Temendo desagradar o noivo, Joana aceitou com um aceno de cabeça e o seguiu para a pista de dança.

Sendo uma mulher de tradições antiquadas, a trilha sonora escolhida por Kassandra eram na maioria melodias românticas. Para danças decentes, tinha dito sua madrinha, e Joana concordou. Mas agora, com o noivo apertando-a contra seu corpo forte, uma mão grande e quente pousada em sua cintura, preferia que estivessem dançando uma mais agitada, que exigisse distância.

— Está muito calada — ele disse depois de alguns minutos tocando seu rosto.

O toque despertou sensações desconhecidas em Joana, que o fitou com olhos estreitados, visualizando o rosto dele com um pouco mais de nitidez pela primeira vez desde que ele a abordou. Os olhos negros a surpreenderam, tanto pela intensidade com que a fitava, quanto por não serem azuis como os que Adriano possuía. Supôs que, assim como ela, usasse lentes.

Abriu a boca para dizer que estava envergonhada, por ter bebido além da conta, mas perdeu a fala quando ele deslizou o polegar por seu lábio inferior devagar, em uma carícia que a deixou ainda mais embriagada e mole.

— Vamos sair daqui!

Sem aguardar concordância, ele agarrou sua mão e a puxou para fora do salão.

Desnorteada pela impetuosidade de seu noivo e pela bebida, se deixou levar até o jardim dos fundos da propriedade. Quando por fim ele parou de andar, perto de uma árvore frondosa e encoberta pelas sombras da noite, tentou mais uma vez falar, mas ele tomou sua boca.

Pega de surpresa, sentindo as mãos fortes apertarem sua cintura e um calor cálido a envolver, deixou os lábios serem dominados pela paixão dos beijos dele. Em suas palmas sentiu o coração dele disparar na mesma intensidade do seu.

Foi só quando o enjoo dominou seu estômago, subindo numa crescente por sua garganta. Sabendo o que aconteceria, sua reação foi empurra-lo e se afastar correndo para fora da propriedade. Só parou quando o enjoo foi maior que o receio de ser vista colocando tudo o que bebeu e comeu para fora.

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