Hadiya teve uma infância conturbada. Aos onze anos foi entregue a uma família onde supostamente poderia estudar e ter uma vida melhor, mas a realidade de Hadiya era outra, ela era escravizada, trabalhava de graça e sem direito a estudar, mal tendo a comida que sobrava. das refeições, viu-se sozinha e abandonada pela mãe, pelos patrões e pelas filhas racistas. Ela só gostava de uma pessoa, Kevin, filho do casal que a garota servia. Ele a protegeu e ensinou o que ela precisava. Com apenas treze anos, Kevin tinha uma afeição inexplicável por Hadiya. Ele era o único em quem ela podia confiar, no entanto, um dia o que Hadiya mais temia aconteceu. Kevin se aproximou dela dizendo que seus pais iriam demiti-lo e tudo porque não gostavam de ver a amizade entre eles e assim, Kevin, o único amigo de Hadiya, foi embora, deixando-a sozinha novamente. Quinze anos depois, os dois se reencontram, porém, até aquele momento, Hadiya não sabia que o belo homem por quem sentia uma forte atração, era o pequeno Kevin, e para complicar ainda mais, ele também é seu novo chefe. O que Hadiya fará quando descobrir a verdade sobre ele?
Ler maisHadiya
15 anos antes
Minha vida nunca foi fácil. Comecei a trabalhar cedo em uma casa de família cuidando de crianças. Não frequentei a escola porque tinha que cuidar dos meus dois irmãos enquanto minha mãe trabalhava.
Não brincava como as meninas da minha idade porque não tinha tempo para isso.
Minha mãe foi obrigada a me entregar para uma família, pois nossa situação estava cada vez mais complicada e não tínhamos alimento suficiente. Ela fez isso para o meu próprio bem, já que ver os filhos passando fome é algo que nenhuma mãe deseja.
Meus outros irmãos, por serem meninos, não foram aceitos pela família, então ficaram com minha mãe. Ela planejava matriculá-los na escola para ver se conseguia um emprego, o que estava muito difícil, segundo ela.
Era complicado demais não ter o que comer e ver meus irmãos menores passando fome. Muitas vezes, quando minha mãe saía em busca de emprego, eu pedia comida aos vizinhos, pois essa era a única maneira de não passarmos fome.
Eu desejava que meus irmãos não sofressem, pois meu coração doía ao vê-los com fome ou pedindo comida e não termos nada em casa. Muitas vezes, vi minha mãe chorando por não ter conseguido um emprego e por não haver alimento em casa. Coitada, ela sofria muito com essa situação.
Um dia, enquanto caminhava, minha mãe ouviu que alguém precisava de uma menina da minha idade para brincar com seus filhos e ajudar nas tarefas, como cuidar das coisas das crianças e levar elas à escola. Essa senhora prometeu colocar-me na escola para estudar junto com seus filhos, mas isso nunca aconteceu.
Completei um ano nessa posição e essas pessoas, para quem minha mãe me entregou, nunca me deram nem mesmo um centavo, o que acho horrível. Quem trabalha merece receber algo em troca.
Eu sempre ouvia minha mãe dizer que ganhava pouco, mas estava satisfeita porque pelo menos recebia. Ela sempre deixava claro que não era escrava para trabalhar de graça, e que seus patrões precisavam pagar a ela. Agora, esse povo aqui não me paga nem me dá roupas. Ainda estou com as mesmas três peças de roupa com que cheguei.
Faço tudo o que eles pedem, e ainda me tratam mal. A patroa não gosta de mim, e eu não sei por quê. Não entendo por que ela não fala para a minha mãe vir me buscar.
Essas pessoas são muito ruins. Espero que ninguém mais passe pela situação em que me encontro, porque lugar de adolescente é na escola, e não como eu, sem estudo e sendo maltratada. Quando esse povo vai ao restaurante, me deixam do lado de fora brincando com as crianças, mas não me dão o que comer. Só sinto o cheiro da comida, enquanto meu estômago ronca.
Não era possível habituar-me a essa situação, mas qual era a alternativa?
Absolutamente nenhuma!
Eu estava na fase de crescimento e só queria frequentar a escola e aprender a ler.
Acho lindo quem sabe ler. A garotinha daqui tem só sete anos e sabe ler tudo, até em um aparelho chamado celular. Eu nunca nem peguei em um na vida. Eu nem assisto TV aqui, imagina pegar em um celular.
Meu sonho é estudar e me tornar professora. Mas não sei quando isso vai acontecer, porque a dona Cristina só fala que vai me colocar na escola, mas diz que ainda não há vagas. Ela sempre diz isso.
É muito difícil ficar aqui nesta casa sem minha mãe e meus irmãos, que amo tanto. Minha mãe costumava me dizer que, para alcançar algo na vida, é necessário se dedicar aos estudos. No entanto, como eu poderia conquistar algo se nunca fui matriculada em uma escola? Fico pensando no meu futuro, sempre desejando aprender, e nunca deixarei de desejar isso. Mas às vezes a vida é tão desigual, com algumas pessoas tendo tudo, enquanto outras não têm absolutamente nada.
Entretanto, é fundamental persistir com os nossos sonhos, pois sem eles, qual será o nosso destino?
Eu não tive a oportunidade de concluir minha educação formal, mas mantenho a esperança de que um dia conseguirei ler e escrever. As crianças merecem ter acesso à educação, aproveitar a infância e não serem obrigadas a trabalhar. Deveria ser assim, ao contrário do que vivi, sempre forçada a trabalhar, seja nesta casa onde não sou bem-vinda, ou na minha verdadeira casa, onde todos me amavam.
Aqui, as crianças se sentem constrangidas com a minha presença e evitam minha companhia. Uma vez, quando estavam a caminho de uma festa de aniversário, fui convocada para ajudar, embora minha função fosse apenas carregar as coisas das crianças. Quando nos aproximávamos da casa onde seria a festa, uma das meninas pediu que eu me abaixasse.
Decidi permanecer no meu lugar, sem abaixar a cabeça, apesar dos olhares desaprovadores de Dona Cristina, que optou por não dizer nada.
Vivemos em uma sociedade peculiar que não me aceita simplesmente devido ao tom da minha pele.
— Sua negra nojenta! — Eu ficava triste por ser tratada como se tivesse alguma doença de pele contagiosa. Entretanto, o importante é que eu, Hadiya, gosto da minha cor e me amo. Não posso fazer nada se eles não gostam. Sequer me importo com esse povo, mesmo que doa.
Ah!
Minha mãe já arrumou emprego, mas ainda não me levou para casa. Não sei por quê. Quero muito ver meus irmãos e ficar perto da minha mãe. Não estou acostumada a ficar tanto tempo longe dela, e agora já faz tanto tempo.
Por que não posso ser permitida fazer isso também?
Eu realmente desejo estar com minha família, mas minha mãe entra em conflito comigo sempre que menciono meu desejo de retornar. Desconheço o motivo pelo qual devo permanecer sofrendo naquele local terrível, sendo maltratada por pessoas pelas quais não tenho afeto e que igualmente não nutrem simpatia por mim.
Ainda sou menor de idade e não tenho autoridade para me virar sozinha. Se tivesse, pegaria um ônibus e iria embora, mas nem sei como fazer isso.
Só o Kevin é gentil comigo. Ele é o único que não me despreza e sempre me trata com cortesia e amabilidade. Ele me ajuda secretamente, enxuga minhas lágrimas quando choro e me abraça com carinho, como se fosse meu irmão mais velho. Mesmo sendo apenas um adolescente de treze anos, ele provém de uma família rica, embora saiba que dinheiro não define o caráter de alguém.
Ele mencionou que no futuro, eu conquistarei todos os meus desejos, e tenho fé nisso. Em algum momento, me tornarei quem eu quiser, mas ainda não defini meus objetivos!
Não possuo habilidade para redigir meu próprio nome, mas acredito que algo positivo está por vir. Não sei o que será ou quando ocorrerá, contudo, a certeza de que algo bom acontecerá persiste em meu íntimo.
Ano de 1989De: Kevin Para: Hadiya Para o meu único e verdadeiro amor,Minha querida Hadiya, o momento da minha partida está chegando, e meu coração está despedaçado por deixá-la sozinha nesta casa, especialmente com meus pais, que não a tratam bem.Você é tudo o que eu sempre sonhei, e é muito doloroso saber que vou ficar longe de você. Mesmo tendo apenas 14 anos, o amor que sinto por você é intenso e verdadeiro.Não queria ir embora, queria estar ao seu lado sempre. Quero que saiba que, mesmo longe, você estará sempre comigo em pensamento e no meu coração. Prometo que vou voltar para que possamos ficar juntos para sempre, porque não posso imaginar a vida sem você.Já estou com saudades de você, e mal partimos. Sei que você também me ama, você me disse isso, mas no momento em que ouvi, não consegui expressar meus sentimentos. Estava com medo de deixá-la ainda mais triste com a minha partida iminente.Desde que soube desta viagem, meu coração está sangrando, porque sei que vou deixa
Hadiya Me arrumei, pois queria ficar linda. Ele merece sempre me ver bela, pois meu Kevin é muito atraente. Adquiri um vestido magnífico, minha amiga insistiu para que eu o comprasse, argumentando que meu esposo ia adorar, acabei cedendo. Apenas agora percebo que o vestido está justo demais em meu corpo e agora terei que utilizá-lo de qualquer maneira.Confesso que possuo uma boa aparência física, mesmo sem praticar exercícios regularmente. Reconheço a importância para a saúde, meu esposo costuma levantar cedo todas as manhãs para caminhar, às vezes me convida, porém eu recuso. Talvez quando completar meio século de vida eu decida me exercitar, é o que sempre comento com meu marido e com minha amiga.Lara não conseguiu se conter de tanto riso e comentou que não tem certeza se chegará àquela idade, por isso precisa aproveitar o momento atual para manter a beleza e a saúde em dia.Já me arrumei, calcei meus sapatos de salto alto, maquiei-me, arrumei meu cabelo afro e fiquei
Hadiya Após enfrentar tantas dificuldades, finalmente encontrei paz e alegria! Durante muito tempo sofri injustiças e fui explorada desde os meus 11 anos de idade, sendo desrespeitada por patrões preconceituosos. Hoje vejo que não se tratava apenas de discriminação racial, mas também de desprezo pela minha condição social. Eles eram cruéis, desonestos e desprovidos de empatia! Não eram capazes de amar nem mesmo seus próprios filhos.Desprezavam uma criança que ansiava por afeto e carinho, sentimentos nunca experimentados em sua vida familiar. Aquela pequena criança não conheceu o afeto almejado durante sua infância solitária e desprotegida. Seu genitor biológico permaneceu desconhecido, sabendo-se apenas que atendia pelo nome de João, possuía um veículo agrícola e, àquela época, havia simplesmente desejado se relacionar com sua mãe, que, ao revelar a gravidez, foi abandonada por aquele homem consideravelmente mais velho.Abandonada por aquele homem, sofrendo maus tratos e sen
Hadiya Chegamos ao nosso hotel e quase tive um ataque cardíaco, o local era simplesmente maravilhoso.— Amanhã começaremos a explorar os lugares que eu amo. Agora, vamos descansar. Eu estou exausto, ou você quer sair para dar uma volta?— Não, meu amor, eu sei que você está muito cansado. Amanhã vamos aproveitar bastante, e ainda temos que viajar para outras cidadezinhas da Itália.— Vou tomar um banho.— Tudo bem.Eu pretendia vestir uma camisola sexy, mas decidi esperar até que ele tomasse banho primeiro. Me deitei na cama e disse:— Vai tomar logo seu banho, querido.— Vamos tomar banho juntos. Afinal, a gente sempre toma banho juntos.Simulei estar prestes a adormecer e ele foi tomar seu banho, ao sair do banheiro, ele surge envolvido na toalha exibindo aquele corpo incrível que me fez sentir um calor repentino, rapidamente vou ao banheiro antes que eu termine sem vestir nenhuma roupa e agarre meu marido atraente imediatamente.Levantei da cama e me dirigi ao banheiro,
Hadiya Faz um ano desde que me tornei esposa e tive meu filho, que agora está quase dando seus primeiros passos e é a coisa mais maravilhosa que existe.Estou preparando minhas malas, iremos finalmente desfrutar da lua de mel que adiamos desde nossa união. Vamos viajar para a Itália e mal posso acreditar que terei a experiência de voar pela primeira vez, estou radiante de felicidade e meu amado está cada vez mais apaixonado, surpreendendo-me diariamente com lindos buquês de rosas.A Sam está demonstrando um pouco de ciúme do irmão, mas logo vai passar..., afinal, antes era pior e com o passar do tempo já melhorou bastante, minhas duas preciosidades vão ficar com Lara e Júlia aqui em casa.O vendaval adentra impetuosamente no cômodo.— Meu amor, qual o motivo de tanta pressa?— Amor preciso tomar banho e fazer muitas coisas ainda. O nosso voo sairá daqui a pouco. — Meu amor, tenha paciência, não precisa se apressar. Vamos em direção a um local extremamente romântico e eu quer
Kevin Me vesti e ela sorriu, estava radiante de tanta felicidade.— Meu amor como aquele desgraçado te pegou? — Quando eu saí do hospital tinha um carro com dois homens, eles me pegaram, me fizeram desmaiar e quando dei por mim estava no porão, mas sabe que foi bom isso ter acontecido, acabei reencontrando minha família. Achava que minha mãe não me amava e no fim descobri que ela sofreu no meu lugar. Sei que foi horrível ter ficado naquele porão e o plano dele era esperar ter o bebê para ter alguma coisa comigo, nosso filho que nem nasceu ainda praticamente me salvou. — Mas aquele desgraçado não te machucou, né minha linda?— Não, ele não me machucou. Percebi que naquele momento ela desviou o olhar, algo que costuma fazer quando fala mentiras, o que me leva a crer que aquele sujeito encostou nela. Senti uma vontade avassaladora de buscá-lo e puni-lo, porém, alguém já fez esse trabalho sujo por mim. A última informação que recebi foi que, após se recuperar, ele foi transf
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