Narrado por Bruno
O teto branco era a única coisa que eu conseguia enxergar. E mesmo assim, ele girava. Um redemoinho torto, me lembrando que eu ainda táva vivo. A dor era quente, insistente, como se algo távesse queimando por dentro. Meu abdômen latejava e o gosto de ferro enchia minha boca. Eu não fazia ideia de quanto tempo tinha passado desde que levei a facada, mas sabia que não era pouco. O cheiro de sangue não me deixava esquecer.
Olhei pro lado. O lençol branco da maca tava encharcado. O chão também. Tinha uma poça pequena de sangue se espalhando devagar, como se quisesse escapar do meu corpo antes que eu escapasse dele.
— Filho da puta... — murmurei, tentando lembrar o rosto de quem tinha me atacado. Não consegui. Mas sabia de onde vinha. Polícia. Facção rival. Talvez os dois. Eu não entreguei o Rei. E agora, táva pagando o preço.
Do fundo da sala, ouvi vozes abafadas.
— Tem que transferir. Ele não vai aguentar aqui. Se perder mais sangue...
— Mas ele é preso de alta periculo