Narrado por Melissa
O hospital cheirava a desinfetante e urgência. Passei a madrugada correndo de um lado pro outro, trocando soro, limpando ferimento, entregando exames. Era o caos habitual, mas eu gostava. A profissão me mantinha viva, me dava um senso de propósito. No meio de tanto sangue e dor, eu ainda me sentia útil.
Magrinho havia acordado. Assim que abriu os olhos, pediu por mim. Não quis deixar ele esperando. Entrei na enfermaria e vi aquele rosto conhecido, mesmo machucado, ainda conseguia sorrir.
— Olha só quem tá viva e linda... — ele murmurou, a voz fraca.
Sorri, puxando uma cadeira pra sentar ao lado dele.
— E olha só quem decidiu voltar dos mortos.
Ele tentou rir, mas se contorceu de dor.
— Não faz gracinhas, Magrinho. Você precisa descansar.
— Não consigo descansar enquanto não souber que quem fez isso vai pagar.
Suspirei.
— Eu quero isso tanto quanto você. Mas precisa se recuperar primeiro.
Ele me olhou com uma intensidade que me tirou o ar.
— Mel... se eu tivesse mor