Narrado por Bruno
Melissa tá na minha frente, e mesmo que ela não diga nada, os olhos dela falam tudo. E é isso que me fode. Porque eu aprendi a ouvir o silêncio das pessoas, ainda mais o dela.
— Sabe o que é pior do que um não, Melissa? — soltei, olhando direto na alma dela. — É o silêncio. Porque o silêncio grita. Grita que cê não quer. Grita que cê tá fugindo. E cê não tem ideia do quanto isso me corta.
Ela tentou se justificar, mas eu levantei a mão, cortando qualquer tentativa.
— Eu te esperei, porra. Meses. Esperei você me olhar de verdade. Mesmo sem cobrar, mesmo explodindo o meu ciúmes na sua cara, mesmo vendo tu e o Magrinho nessa amizade que me irrita pra caralho. E mesmo assim eu te quis. Te quero.
O nome dele escorreu da minha boca como veneno. Magrinho. Não porque ele fosse rival — eu respeitava o moleque — mas porque ele ocupava espaços que eram pra ser meus. Confiança, conversa, consolo. Isso tudo era meu.
— Todo mundo na Rocinha sabe quem é você. Primeira-dama. Dona da