doutrinada e de berço evangélico, Isadora ficou perdida após um episódio doloroso em sua vida. Ela não denunciou o abuso, era a palavra dela contra a palavra de 8 homens ricos. Com tudo isso, veio as consequências, uma gravidez indesejada e a expulsão de casa, sem saber quem era pai de seu filho e abandonada por quem deveria apoiá-la nesse momento frágil, ela se vê morando na Rocinha com sua avó paterna. Largou a faculdade e foi viver a vida nova que era ser mãe, e com ajuda de sua vó, conseguiu criar sua filha e voltar as aulas. Em um de seus estágios que a faculdade de direito proporcionou, ela consegue pegar o caso de um homem articulado e criminoso, mesmo sendo da patente baixa do crime, seu currículo era repleto de atrocidade e mortes que carregava em suas costas. Pires era impiedoso, ele seguia a risca as leis do morro e matava qualquer um que ousasse não seguir seu comando, com isso ele conquistou poder, se tornando então, o chefe. Homem rude, cruel, sanguinário e frio, sem nunca ter se relacionado com ninguém, sem saber o que era o amor e achando ser impossível amar alguém. Em um assalto a um carro forte, todo seu plano da errado e ele acaba preso numa penitenciária de segurança máxima, mesmo tendo dinheiro e poder para sair dali quando quisesse, se sentiu tentado a deixar uma recém-formada pegar seu caso e descobrir seu potencial no júri. Mãe solteira e com a alma vivendo nas profundezas do inferno, Isadora ainda acha que todo mundo tem salvação, foi isso que lhe foi ensinada dentro da igreja. Duas almas condenadas e um só destino, fé e ódio caminham lado a lado, e somente um lado deverá ser escolhido, o amor.
Ler maisIsadora 🥀
O Som da minha perna sendo quebrada soou antes mesmo da dor vir, me impedindo de correr para que eu morresse ali mesmo, sem ao menos uma chance de ser socorrida. Machucada, estraçalhada e sozinha num viaduto vazio, os carros passavam por mim como se eu não fosse nada, mas quem vai ajudar uma bêbada seminua na rua essa hora da madrugada?As dores pelo meu corpo se faziam presentes, e eu sentia o toque de cada mão que passava por ele. Estava devastada quando uma senhora de uns 60 anos resolveu me ajudar, e me levou ao hospital mais próximo.— o que aconteceu com você? — Era o que o hospital inteiro me perguntavam, e eu não tinha forças pra falar nada referente ao que havia acontecido. — Você está drogada? Teremos que chamar a polícia!E chamaram, a polícia me interrogou do início ao fim, e eu me sentia envergonhada de denunciar tal ato. 8 homens me estupraram, os mesmo homens que eram meus colegas de classe.— Quer uma carona para casa, Isa? — Perguntou um deles, ao perceber que minha consciência já estava se esvaindo ao sair da fazenda, aceitei, afinal, que mal eles poderiam me fazer? Coé Isadora, são seus amigos de classe da faculdade, eles não lhe farão mal algum.E fizeram...— Disseram que você é virgem, é verdade? — Enojada com sua voz, e encurralada por 3 homens dentro de um carro, somente afirmei com a cabeça, mesmo quase desfalecida no banco carona.Meu corpo foi jogado com brutalidade para fora do carro, eu não entendia as reação que estava tendo, nunca coloquei uma gota de álcool na boca, apenas tomei uma água tônica que Marcelo fez questão de pegar para mim. Ingênua!— Vamos tirar a prova agora. Quero ver se essa boceta é tão apertada quanto de uma virgem é! — Lucas falava com um tom de ironia, era nítido o sarcasmo em sua voz, enquanto mais um carro parou à beira da rodovia, observando a movimentação dos homens ao meu redor. — Festinha particular, querem participar?As roupas foram rasgadas do meu corpo com o auxílio de uma faca, que penetrava minha carne na mesma intensidade, eu não sentia dor física, e de minha alma era bem maior.— Você é uma vergonha, Isadora. Olha seu estado! — Minha mãe gritava, sem pudor, mesmo sabendo que o hospital inteiro estava escutando. — Eu te avisei, uma menina como você criada dentro da igreja, se drogando e alcoolizada desse jeito. — Meu pai permanecia recuado atrás dela, ele nunca tinha voz dentro da nossa casa, tudo que minha mãe falava era o ponto final e ele não discutia pra mudar a situação. Mas seu olhar de pena sobre mim, queimava. — Vestida como uma puta, é isso que acontece!— Rosângela! — Meu pai gritou, constrangido com o show que ela estava dando, atraindo uma imensa platéia de curiosos. — Olha o respeito, estamos dentro de um hospital!— Respeito, Isaque? Ela mesmo não se deu o respeito, usando essa roupa e com essa companhia que andava. Eu não quero nem saber, quando você sair daqui, quero longe da minha casa. Uma filha como você, depois de tudo que eu sacrifiquei, só me deu desgosto. — Jogou essa bomba no meu colo e saiu sem nem olhar pra trás, sem um pingo de remorso. Minha mãe sempre foi fria, acho que eu e meu irmão viemos pra acabar com a vida dela, por que tudo que ela mencionava ter vivido antes do nossos nascimentos, parecia ter acabado com a nossa chegada.Já meu pai, passou por mim dando um beijo em minha testa e sussurrou que tudo ia ficar bem.Ele estava errado, por que depois daquilo, tudo piorou. E ele, tinha parcela de culpa, como marido, deveria ter coagido a esposa, e fez foi passar a mão na cabeça das atitudes dela comigo. Tudo bem, Isadora, você supera.A dor de ser penetrada sem um pingo de carinho, era horrível, ainda mais por 8 homens. Eles agiam como se estivessem em um rodízio de churrasco, no entanto, eu era o prato principal.— O que faremos agora? — Lucas pergunta os outros, após sair de dentro de mim e ejacular sobre minha barriga, todos eles, sem preservativo.Quão doentia é a mente de um homem que pensa em fazer isso com uma mulher? Quão prazeroso é assistir o desespero e a dor de uma mulher implorando pra Deus não a abandonar e que tudo aquilo fosse um pesadelo?Eu implorava em oração "Senhor, não deixe que nada de ruim aconteça comigo. Guarde minha vida embaixo de suas asas, e me permita viver!"— Vamos matá-la! — Indagou uma voz desconhecida.— Não, mano. Tá maluco? Nossas digitais estão nela, nosso sêmen. — Marcelo afirmou.— A gente enterra o corpo em algum terreno baldio! — O desconhecido afirmava com convicção, parecia já estar acostumado a fazer aquilo.— A família vai procurar por ela, e a polícia vai começar a investigar. E se acharem o corpo? — Eles conversavam entre si, como se eu não estivesse presente. Deitada entre a grama fria e molhada, sendo dor por todo meu corpo e um pequeno corte no lábio inferior, consequência de uma mordida de um desconhecido.Minhas costelas doíam, a minha visão embaçada me impedia de conhecer os outros envolvidos, mas 4 ali, eu conhecia bem, e conviviam comigo todos os dias.Eles me deixaram com uma fratura exposta na perna, como eles fizeram aquilo, eu não sei até hoje. Se não fosse por aquela senhora, eu realmente teria sangrado até a morte, ela foi meu anjo salvador.— Você não lembra de nada que aconteceu? — O médico pergunta e eu nego com a cabeça. — Você teve uma fratura exposta na perna direita e tem algumas costelas lecionadas. Isso é muito sério, Isadora. Você foi agredida?— Não. Acho que bebi mais do que deveria e acabei caindo!— Uma queda não lhe traria tantas consequências assim. Como foi que suas roupas foram rasgadas? — Perguntou desconfiado, e eu só queria que tudo aquilo acabasse.— Talvez fosse os galhos que estavam lá. Por favor, eu só quero ir pra casa!— Não dá, teremos que fazer uma cirurgia em sua perna para reparar os danos causados. Vai ficar aqui por uns dias, é maior de idade? — Afirmo com a cabeça, sentindo meu olhos pesar com as lágrimas. — Bom, só preciso que assine alguns papéis.Eu fiquei 1 mês no hospital, até sair e me dar conta que eu não tinha pra onde ir, mas ainda tinha minha avó na Rocinha, e foi pra lá que eu me refugiei.E não parou por aí, mas o resto vocês já vão entender.Final muito comum, mas esse não será o meu.E P I L O G O 5 anos depois…ISADORA 🥀Habilidosa, é o elogio mais frequente que ouço sobre Frida. Ela luta, decidimos que seria bom para ele desde os 6 anos, e agora participa de vários campeonatos de lutas durante o ano, uma das melhores. — Louis está comendo terra de novo. — Frida avisa — esse menino deve está com a barriga cheia de verme. — E você deixou? — ela sorri e da de ombro. — Ele é criança. Crianças comem terra! — Você não comia!— A senhora que nunca viu. — ela desvia do tapa leve que dou em seu braço e sorri — onde está meu pai? É o meu aniversário e eu ainda não vi ele. — Foi buscar seu avô. Mas acho que eu já posso entregar meu presente, né? — ela afirma com a cabeça toda sorridente, o cabelo encaracolado, nada parecido com o meu. E digo de passagem que ela é a cara de Leonardo, nunca pensei que isso fosse possível. Pego o embrulho com laço rosa e a entrego, que desembrulha rapidamente — use com responsabilidade!Ela pega o celular na mão e me abraça. — Obrigad
Isadora Admirei Frida quando ela voltou para os meus braços, pude contemplar e agradecer por cada minuto que ela passou ao meu lado. Me culpei, me julguei, pelas vezes na gestação que cogitei entregar ela a um lar adotivo, mas depois pude entender que esse teria sido o maior ato de amor que eu teria feito, por imaginar que um dia eu nunca seria capaz de amá-la. Mas eu fui, quando seus olhinhos encontraram os meus. Quando sua mão tocou meu rosto, pela forma que seu choro foi acalentado assim ela se pôs ao meu peito. Isso é o amor. Mas não qualquer amor, amor de uma mãe que se entregou de corpo e alma a maternidade, mesmo tendo passado por dilúvios e tempestades severas. E então, veio Leonardo…Ah, o Leonardo… Ele é aquele abraço quente em uma noite fria do inverno, é o sol penetrando os poros de sua pele e limpando as impurezas. É o homem que vai te elogiar mesmo quando você sabe que não está lá essas coisas, ou que vai tentar levantar seu astral no seu dia mais triste. É o tipo
Pires— Tu vai ficar responsável pela facção, o que der de errado vai cair na sua conta, firmeza? — Álvares, um dos cabeça de cima que comando isso tudo, avisa. — Joga na minha conta que eu assumo. — afirmo — quando eu só comandava um morro a responsabilidade já era toda minha, a facção tá no meu poder, o que vier vou saber bater de frente. — Eu sei que vai. — ele se senta cruzando as pernas, esse aí tem o mesmo espírito de Conrado, mas se moscar vai ter o mesmo fim que ele — sua gestão é interessante, gostaria de saber como sua cabeça funciona. — Tu ficaria perdido com tantas informações. — me levanto, ajeito a arma na cintura e ele me encara — meu papo contigo já foi dado, não aceito pilantragem, o certo é o certo, se eu ver que tem alguém de maldade comigo, o bagulho vai ficar de verdade. — Tu tem vidas a zelar, Pires. Não pense em me ameaçar! — Até agora só estava avisando. — afirma, apoiando as duas mãos sob a mesa me aproximo dele — mas agora, isso é uma ameaça. Se alguém t
Eu estou atordoada em meio aos meus pensamentos, mas o bebê nasce em alguns dias e eu não tenho nada, inclusive barriga. Como pode uma criança de quase 3 quilos está aqui dentro?Minhas mãos soam, estou apreensiva não de uma maneira ruim, mas sim pelo fato de eu achar que estaria no início de uma gestação e já estou no final dela, e nunca sequer percebi. — Eu estou em choque! — falo, enquanto Leonardo dirige pra casa da Rayanne pra buscar Frida — amor, daqui uns dias só, e nós não compramos nada. — Mas podemos comprar, po. Não seja por isso, não precisa se desesperar. — Eu já estou desesperada. Achei que teria mais tempo para fazer as coisas. — Tipo? — ele me pergunta. — Sei lá. Chá de bebê? Eu não tive isso na gravidez de Frida, queria muito ter feito nesse. — estalo a língua no céu da boca, não vou ter tempo de quase nada dessa vez — a gente nem pensou no nome. Leonardo freia o carro e eu me assusto, olha para ele que me encara, esperando eu falar algo. — O que foi? — pergunt
IsadoraEu já passei por por muitas situações difíceis. Mas não tão complicado como explicar para o homem que achava que era meu pai, que ele não é. O teste de DNA saiu já tem 2 meses, e eu só tive coragem de falar com ele hoje, depois de mantermos contato um com outro desde o dia em que ele foi para casa de sua família. Ele é tão vítima nesse caso quanto eu, porque eu consegui sentir a dor dele somente pela ligação, eu nem tive coragem em olhar em seu rosto com essa notícia. Fomos dois fantoches que Ana Carla adorou brincar, e achou que a conta nunca chegaria, ingênua. Condenada a 30 anos de prisão, em regime fechado e sem possibilidade de ser aberto, mesmo que ela tenha um bom comportamento lá dentro. É o que ela merece, e eu ainda acho pouco, depois de ter brincado com a vida das pessoas desse jeito. Luiz ainda quer manter contato comigo, pois disse que em seu coração eu ainda sou sua filha. Eu perco coisas para que possa ganhar outras, porque nesse momento fui presenteada com
Pires— Ela está grávida, Leonardo. Não pode ficar se locomovendo desse jeito. — minha coroa avisa, sentada no banco de trás com Frida, enquanto Isadora caiu em sono profundo no banco da frente. — Vai ser a última vez que fazemos isso. — afirmo — vamos resolver tudo que tiver pra resolver. E a senhora vem com a gente. — Gosto do meu cantinho. Vivi a vida toda ali e não tenho pretenção de ir embora um dia. — Eu não posso ir embora e deixar a senhora pra trás. — olho pelo retrovisor, ela negando com a cabeça. — Então fica. Não há necessidade de você ir embora. — Eu entreguei o comando, vó. Tenho inimigos, querendo ou não, não vou deixar que meus filhos cresçam dentro daquela comunidade correndo risco de vida. — Em qualquer lugar do Brasil seria perigoso para você, Leonardo. — suspiro fundo, sabendo que tudo que ela diz é verdade — não faz sentido. Pela primeira vez eu vou falar algo que eu nunca gostaria de dizer, mas você precisa ficar no comando se quer manter sua esposa e filho
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