A maldade das ruas
A maldade das ruas
Por: Laila neves
Capítulo 1 - Antes de tudo

Isadora 🥀

O Som da minha perna sendo quebrada soou antes mesmo da dor vir, me impedindo de correr para que eu morresse ali mesmo, sem ao menos uma chance de ser socorrida. Machucada, estraçalhada e sozinha num viaduto vazio, os carros passavam por mim como se eu não fosse nada, mas quem vai ajudar uma bêbada seminua na rua essa hora da madrugada?

As dores pelo meu corpo se faziam presentes, e eu sentia o toque de cada mão que passava por ele. Estava devastada quando uma senhora de uns 60 anos resolveu me ajudar, e me levou ao hospital mais próximo.

— o que aconteceu com você? — Era o que o hospital inteiro me perguntavam, e eu não tinha forças pra falar nada referente ao que havia acontecido. — Você está drogada? Teremos que chamar a polícia!

E chamaram, a polícia me interrogou do início ao fim, e eu me sentia envergonhada de denunciar tal ato. 8 homens me estupraram, os mesmo homens que eram meus colegas de classe.

— Quer uma carona para casa, Isa? — Perguntou um deles, ao perceber que minha consciência já estava se esvaindo ao sair da fazenda, aceitei, afinal, que mal eles poderiam me fazer? Coé Isadora, são seus amigos de classe da faculdade, eles não lhe farão mal algum.

E fizeram...

— Disseram que você é virgem, é verdade? — Enojada com sua voz, e encurralada por 3 homens dentro de um carro, somente afirmei com a cabeça, mesmo quase desfalecida no banco carona.

Meu corpo foi jogado com brutalidade para fora do carro, eu não entendia as reação que estava tendo, nunca coloquei uma gota de álcool na boca, apenas tomei uma água tônica que Marcelo fez questão de pegar para mim. Ingênua!

— Vamos tirar a prova agora. Quero ver se essa boceta é tão apertada quanto de uma virgem é! — Lucas falava com um tom de ironia, era nítido o sarcasmo em sua voz, enquanto mais um carro parou à beira da rodovia, observando a movimentação dos homens ao meu redor. — Festinha particular, querem participar?

As roupas foram rasgadas do meu corpo com o auxílio de uma faca, que penetrava minha carne na mesma intensidade, eu não sentia dor física, e de minha alma era bem maior.

— Você é uma vergonha, Isadora. Olha seu estado! — Minha mãe gritava, sem pudor, mesmo sabendo que o hospital inteiro estava escutando. — Eu te avisei, uma menina como você criada dentro da igreja, se drogando e alcoolizada desse jeito. — Meu pai permanecia recuado atrás dela, ele nunca tinha voz dentro da nossa casa, tudo que minha mãe falava era o ponto final e ele não discutia pra mudar a situação. Mas seu olhar de pena sobre mim, queimava. — Vestida como uma puta, é isso que acontece!

— Rosângela! — Meu pai gritou, constrangido com o show que ela estava dando, atraindo uma imensa platéia de curiosos. — Olha o respeito, estamos dentro de um hospital!

— Respeito, Isaque? Ela mesmo não se deu o respeito, usando essa roupa e com essa companhia que andava. Eu não quero nem saber, quando você sair daqui, quero longe da minha casa. Uma filha como você, depois de tudo que eu sacrifiquei, só me deu desgosto. — Jogou essa bomba no meu colo e saiu sem nem olhar pra trás, sem um pingo de remorso. Minha mãe sempre foi fria, acho que eu e meu irmão viemos pra acabar com a vida dela, por que tudo que ela mencionava ter vivido antes do nossos nascimentos, parecia ter acabado com a nossa chegada.

Já meu pai, passou por mim dando um beijo em minha testa e sussurrou que tudo ia ficar bem.

Ele estava errado, por que depois daquilo, tudo piorou.

E ele, tinha parcela de culpa, como marido, deveria ter coagido a esposa, e fez foi passar a mão na cabeça das atitudes dela comigo. Tudo bem, Isadora, você supera.

A dor de ser penetrada sem um pingo de carinho, era horrível, ainda mais por 8 homens. Eles agiam como se estivessem em um rodízio de churrasco, no entanto, eu era o prato principal.

— O que faremos agora? — Lucas pergunta os outros, após sair de dentro de mim e ejacular sobre minha barriga, todos eles, sem preservativo.

Quão doentia é a mente de um homem que pensa em fazer isso com uma mulher? Quão prazeroso é assistir o desespero e a dor de uma mulher implorando pra Deus não a abandonar e que tudo aquilo fosse um pesadelo?

Eu implorava em oração "Senhor, não deixe que nada de ruim aconteça comigo. Guarde minha vida embaixo de suas asas, e me permita viver!"

— Vamos matá-la! — Indagou uma voz desconhecida.

— Não, mano. Tá maluco? Nossas digitais estão nela, nosso sêmen. — Marcelo afirmou.

— A gente enterra o corpo em algum terreno baldio! — O desconhecido afirmava com convicção, parecia já estar acostumado a fazer aquilo.

— A família vai procurar por ela, e a polícia vai começar a investigar. E se acharem o corpo? — Eles conversavam entre si, como se eu não estivesse presente. Deitada entre a grama fria e molhada, sendo dor por todo meu corpo e um pequeno corte no lábio inferior, consequência de uma mordida de um desconhecido.

Minhas costelas doíam, a minha visão embaçada me impedia de conhecer os outros envolvidos, mas 4 ali, eu conhecia bem, e conviviam comigo todos os dias.

Eles me deixaram com uma fratura exposta na perna, como eles fizeram aquilo, eu não sei até hoje. Se não fosse por aquela senhora, eu realmente teria sangrado até a morte, ela foi meu anjo salvador.

— Você não lembra de nada que aconteceu? — O médico pergunta e eu nego com a cabeça. — Você teve uma fratura exposta na perna direita e tem algumas costelas lecionadas. Isso é muito sério, Isadora. Você foi agredida?

— Não. Acho que bebi mais do que deveria e acabei caindo!

— Uma queda não lhe traria tantas consequências assim. Como foi que suas roupas foram rasgadas? — Perguntou desconfiado, e eu só queria que tudo aquilo acabasse.

— Talvez fosse os galhos que estavam lá. Por favor, eu só quero ir pra casa!

— Não dá, teremos que fazer uma cirurgia em sua perna para reparar os danos causados. Vai ficar aqui por uns dias, é maior de idade? — Afirmo com a cabeça, sentindo meu olhos pesar com as lágrimas. — Bom, só preciso que assine alguns papéis.

Eu fiquei 1 mês no hospital, até sair e me dar conta que eu não tinha pra onde ir, mas ainda tinha minha avó na Rocinha, e foi pra lá que eu me refugiei.

E não parou por aí, mas o resto vocês já vão entender.

Final muito comum, mas esse não será o meu.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo